Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

05
Nov 11

A essencial decisão de uma democracia passa pela rotina anual de aprovação do quadro das receitas e das despesas públicas. Uma opção que nunca foi técnica, gerida por tecnocratas e consultadorias, mas antes soberanamente política, onde até os parlamentos não a podem delegar no primado do executivo. É a máxima decisão política de uma comunidade que não pode ser reduzida a mera barganha entre líderes ou directórios partidários, muito menos a um oligopólio partidocrático.

 

Claro que tem havido, há muitos anos, um processo de despolitização da decisão orçamental, a mãe de todos os impostos e gastos públicos. Até a reduzimos à caricatura do queijo limiano, enquanto, o normal tem sido o anormal do negocismo de provincianismos e grupos de pressão. Caso não mudemos de atitude, com a necessária restauração das cortes e da república, a democracia continuará a ser tutelada por forças estranhas e estrangeiras á cidadania.

publicado por José Adelino Maltez às 19:52

Merkel diz hoje, nas suas mensagens internéticas, que o imbróglio vai levar, pelo menos, uma década a desfazer. Por outras palavras, nem eu estarei por cá para ver chegar esses amanhãs que cantam, nem ela será o símbolo da aurora redentora. Como ela não tem química para profeta, seria mais cauto admitir a possibilidade de um curto-circuito na maquineta. Espero que não seja o regresso à guerra ou ao totalitarismo.

publicado por José Adelino Maltez às 19:51

Não é por eu criticar o rei que deixo de ser realista. Não é por eu criticar a democracia que passo a inimigo da democracia. Não é por eu criticar o orçamento que passo a antinação e anti-europeísta. Apenas quero ser, muito liberalmente, homem livre numa pátria livre.

publicado por José Adelino Maltez às 19:51

A maioria do povo sufragou democraticamente este retrato. Na galeria do jornal que emitiu a coisa, vinha outro ainda mais preocupante, a de um grupo parlamentar de outrora, em aplauso pífio aos milhões da CEE. Apenas apetece repetir como quando o Vasco era Santana: "chapéus há muitos, seu palerma". Entretanto, ficámos todos carecas. E sem xeque, ao rei.

publicado por José Adelino Maltez às 19:50

A grande originalidade dos portugueses actuais face à maioria dos colegas da UE é que não temos heroicidade na memória do sofrimento, pelo que não há condições para adequada libertação. Não resistimos aos soviéticos nem as nazis, não tivemos guerras civis e a última memória viva como povo em sofrimento, ou é minoritária, a dos antifascistas, ou foi passada em territórios de além-mar, caso dos soldados. O que temos de prosperidade não foi conquistado existencialmente, veio do voto útil. Reaprender a conquistar a vida vai ser doloroso para uma maioria sociológica, treinada para a cobardia.

publicado por José Adelino Maltez às 19:49

Os senhores donos do poder deveriam saber contabilizar quanto custam os preconceitos e fantasmas dos erros de teoria em que nos continuam a desperdiçar. Eis alguns deles, em forma de decálogo, conforme me vêm à mente:


1. Quanto custa a estupidez de não repararem que os saberes dispersos devem ser unificados e mobilizados pela sabedoria?

‎2. Quanto custa julgarem que um velho é um inútil que tem de ser sustentado pela segurança social, enquanto vão fomentando a gerontocracia neofeudal do nacional-saudosismo?

3. Quanto custa iludirem-nos com leis gerais e abstractas da engenharia de conceitos, axiomático-dedutiva, que nos obriga à unidimensionalidade da mediacracia, sem compreenderem que só se acede ao universal pela diferença, da rebeldia, da criatividade, da imaginação e da própria ironia?

4. Quanto custa transformarem o progresso em lenga-lenga reaccionária, da da nostalgia passadista dos revolucionários frustrados, só porque julgam que atingiram o clímax quando se junta à mesa do orçamento com ministros de salazar?

5. Quanto custa continuarem a dizer que têm a missão de impedirem o regresso à idade média, sem perceber que ela durou dez séculos e não foi a mesma, em todo o lado e ao mesmo tempo?

‎6. Quanto custa não repararem que as revoluções nunca foram o orgasmo de uns breves minutos de proclamações e matanças, do tempo volta para trás, mas o longo prazo das pós-revoluções, onde se fez alguma coisa, não para o cumprimento dos delírios programáticos de alguns deles, mas conforme a acção de muitos homens livres? Em vez do revisionismo da pretensiosa história dos vencedores, a humanidade só se civiliza quando deixarem escrever silenciosamente a verdadeira história dos vencidos. Dos que se libertaram pelas próprias mãos, porque tiveram memória do sofrimento.

7. Quanto custa tentarem mais revoluções "d'en haut", dos que, pela via decretina, julgam que iluminam o despotismo das ditaduras do situacionismo? Não é a história que faz o homem, mas os homens que fazem a história, mesmo sem saberem que história vão fazendo.

8. Quanto custa manterem os sistemas de ensino como presas fáceis da sequência de reformadores e contra-reformadores que se encontram à esquina, tocando a concertina, nos eternos seminários de avaliação dos avaliadores, para que o novo esquema sejam mais burocratas das fichas, esquemas e demais abstracções?

9. Quanto custa o provincianismo de nosso turismo científico, esse que os nossos impostos pagam sempre, para gáudio do clube fechado e rigorosamente fechado de meia dúzia de eleitores que se co-optam como eleitos e chamam à coisa gestão democrática?

10. Quanto custa este mais-do-mesmo, pintado de fresco, macaqueando a teoria do eterno retorno?

publicado por José Adelino Maltez às 19:46

No "agenda setting" deste fim-de-semana, de pós-papândrio, com Seguro calado, e Relvas dando a deixa, tudo aponta para alguma troca de mimos consensuais na orçamentocracia. Espera-se, a qualquer momento, nova conferência de imprensa conjunta, entre PS e PSD, com Portas a não ficar ciumento. Torço pela instauração deste bom-senso. Não gosto do quanto pior, melhor!

publicado por José Adelino Maltez às 19:46

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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