Depois da UE, do euro ou de Schengen, a diferença entre o que é interno, do bom e velho Estado, e daquilo que é externo, não se compadece com a realidade de uma longa raia de uma cooperativa de soberania que só o bizantinismo dos manuais permite que dissertemos sobre o sexo dos anjos...
O bom e velho Estado passou a ter que viver com entidades supra-estaduais que, mesmo que não se designem como Estados, actuam em governação sincrónica sobre os mesmos territórios e populações em procura do bem-estar, da justiça e da segurança, com a consequente dispersão de expectativas e lealdades...
Por outras palavras, os portugueses e a terra portuguesa já vivem, há muito, sob a actuação de mais do que um governo e sofrendo mais do que um Estado. Até elegemos um parlamento supranacional, para além das velhas referências do mercado comum, da liberdade de circulação de pessoas, mercadorias e capitais.
Não importa agora dizer se é bom ou mau este processo de integração, apenas recordo que ele é tão efectivo que não se compadece com manobras de propaganda como aquela que enredou a Ditadura, antes da chegada de Salazar ao poder, com a diabolização do Grande Empréstimo da Sociedade das Nações. Infelizmente, a propaganda continua barata.