Depois deste breve intervalo urneiro, onde a ilusão de soberania residiu em a nação, conforme as palavras constitucionais de 1822, confirmou-se que o presidente Cavaco não perdeu as eleições. Pena, terem demorado tanto tempo a realizar-se. Infelizmente, o que estará em cima, na governação e na necessidade de acordos parlamentares para o aprofundamento maioritário, pode ser mera consequência do paralelograma de forças deste arquipélago de sub-situacionismos, onde reside a capilaridade social dos grandes partidos sistémicos, integrados nas principais multinacionais partidárias da Europa. Mas o brio nacional que, apesar de difuso, ainda é a principal chama desta encruzilhada, exige que, depois da liderança de pretensos homens de génio, em sucedâneos messiânicos, se entre num novo ciclo de liderança de homens comuns, capazes de organização colectiva do trabalho nacional. Por outras palavras, o regresso ao ciclo da governança dita de direita, impõe um estilo centrista, liberto do centrão mole e difuso dos blocos centrais da partidocracia e do mero consenso de interesses. De outra maneira, poderemos pedir desculpa por essa interrupção, dado que o mais do mesmo continuará dentro de momentos. Mas há, de certeza, homens de bem na meritocracia de Portugal que vão fazer pontes e talvez haja efectivas promessas de cooperação, para que a aritmética parlamentar se transforme numa maioria. Nem que seja um acordo sobre o que estão em desacordo, com cláusulas condicionais de cooperação. Porque só é novo aquilo que se esqueceu. E só há o verdadeiro fora do tempo. Mesmo que, normalmente, tenha razão antes do tempo.
(Diário de Notícias)