A grande originalidade dos portugueses actuais face à maioria dos colegas da UE é que não temos heroicidade na memória do sofrimento, pelo que não há condições para adequada libertação. Não resistimos aos soviéticos nem as nazis, não tivemos guerras civis e a última memória viva como povo em sofrimento, ou é minoritária, a dos antifascistas, ou foi passada em territórios de além-mar, caso dos soldados. O que temos de prosperidade não foi conquistado existencialmente, veio do voto útil. Reaprender a conquistar a vida vai ser doloroso para uma maioria sociológica, treinada para a cobardia.