Olhando as últimas sondagens, porque há serpentes que costumam devorar a própria cauda... Isto é, em termos de sondajocratura, eu não existo. Há cerca de 85% de portugueses troikianos, porque não são pró-comunistas. Por outras palavras, a dita branda é eficaz.
Além de levar com a troika e os discursos de Sócrates e Cavaco, sou benfiquista... Isto vai mal, mas parabéns aos arsenalistas e aos tripeiros!
O troikiano programa não passa de mais uma ditadura das finanças. Este vem de fora para dentro, só porque, por dentro, falta o mínimo de organização do trabalho nacional e a própria vontade de sermos independentes. Somos, definitivamente, mero quintal de provincianos que já não sabem pensar-se pelas próprias cabeças...
Para uns, um impulso para se livrarem de Sócrates, com a ajuda do árbitro. Para outros, uma espécie de seguro contra a chegada do neoliberalismo e o neoconservadorismo. Para mim, uma humilhação pintade de grito épico...em regime de ópera bufa.
Lendo e ouvindo o nacional-conformismo face ao programa troikiano, quem sou eu para não o considerar como superior aos decretos de Mouzinho da Silveira e ao programa do MFA? Por momentos até parece que valeu a pena o regabofe de incompetência e propagandismo que nos levou ao endividamento...porque para termos o pastelão que vai fundir tudo, tudo valeu a pena, mesmo a alma pequena!
O governo pode ser isto ou aquilo, mas não tem programa nascido da autonomia dos cidadãos. Antes de ter uma ideologia, tenho pátria.
E vai ser difícil a restauração. Tudo se assemelha ao apoio das elites do reino a Filipe II ou às saudações que elas fizeram da por ocasião da chegada de Junot e da sua "bela ordem" importada. Sou mais por 1640 e 1808...
À troika continuamos a responder com truques e tricas...
Perante a conferência de imprensa da troika, confirma-se a existência de uma alternativa entre a mentira compulsiva e a fraude obsessiva. Pelo menos sou totalmente favorável a movimentos de liberalização, dos que nos tornem livres. Até sou mais radical: além de liberalizar, sou pela libertação.
Os problemas económicos apenas se resolvem com medidas económicas. Mas não apenas com medidas económicas. Se assim fosse, Portugal deveria ser apenas mero centro de imputação de receitas e despesas e a troika poderia substituir toda a nossa governança. Incluindo a presidência.
O próximo parlamento e o próximo governo vão ser apenas subempreiteiros de um sistema abstracto e exógeno que trimestralmente vão medir, linha a linha, a execução da obra. E tudo num esquema de inicial custo sem dor para o pagante. Ai de quem subir ao poder. Logo, têm que ser todos.
A Associação Nacional dos Constitucionalistas, reunida extraordinariamente, anuncia invocar o óbvio: a manifesta inconstitucionalidade do acordo entre a troika, o governo e os partidos. Um porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa já comentou: "é preciso dar a Deus o que é de Deus e à Constituição adequado sustento financeiro"!
A mudança do sistema partidário vai ser resolvida por uma troika constituída pelas três principais multinacionais partidárias da Europa. As três vão pôr num papel meia dúzia de verdades que muitos dizem, mas ninguém ouve. As negociações decorrerão na Fundação Mário Soares. As refeições serão fornecidas pelos nossos principais hipermercados no Tavares Rico e a hotelaria a cargo de um cartel de bancos lusitanos.
Se eu pudesse engenheirar um qualquer esquema partidário no espaço não comunista, diria que precisávamos urgentemente de um partido republicano, à esquerda, de um partido liberal, ao centro, e de um partido conservador, à direita, bem como de um efectivo partido de extrema-direita, para que tudo ficasse clarificado. O resto dos existentes, depois de saldadas as dívidas, iria para o museu da pós-revolução.
O PS foi fundado na Alemanha num edifício do SPD. O PPD quis ser o SPD depois deste abandonar o marxismo. O CDS pretendeu ser fotocópia da CDU. Isto é, os três são de inspiração germânica para um país latino. Até o PCP recebia papel da RDA... Sou de parecer favorável à nossa desgermanização partidocrática. Prefiro o cartesianismo.
Quem efectivamente manda em Portugal não é o PS, o PSD ou o CDS. Foram os sistemas de decisão simbolizados por Vítor Constâncio, Durão Barroso e Aníbal Cavaco Silva, bem como as forças vivas que se federaram de forma satélite em torno desses pólos, com a posterior literatura de justificação, sobretudo dos terinadores de bancada, depois do apito final da troika. O resto é campanha para papalvo.
Há que ter a coragem de construir, no espaço não comunista, de uma nova esquerda, de um novo centro de uma nova direita. As actuais vão andar, nos primeiros tempos do acordo, a fingir que são verdades as mentiras que os fizeram sobreviver nesta sucessão de ditaduras da incompetência! Chega de bonzos, canhotos e endireitas!
Antigamente, os Parodiantes de Lisboa tinham um programa que resume a nossa próxima escolha eleitoral "Sim, Chefe! Contrariado, mas vou!". Por outras palavras, vamos ter a servidão voluntária, com espírito fraudulento. Pena que o baralhar e dar de novo não imponha uma revolução de atitude básica, o que só pode ser conseguido com um novo caminho, isto é, de uma alternativa menos cobarde!
HABEMUS AKORDUM! E há três acordantes que se candidatam a feitores destes capatazes, sem se arrependerem e nos pedirem desculpa. Infelizmente, quem não é comunista ou da esquerda revolucionária não tem alternativa a quem não tem emenda e só funciona pela coacção externa de "o empréstimo ou a vida!".
A troika só fala amanhã. E hoje, eu já disse tudo o que me apetecia sobre a questão. Fiquei de mal com gregos e com troianos, por amor da minha verdade. E estou a preparar a apresentação de um livro sobre um general do 28 de Maio, para daqui a bocado, na Feira do Livro. Vou meter esta viola no saco.
Apesar de não me chamar João, reconheço-me: “É um país esquizofrénico. Ontem dizia-se que Sócrates vencia as eleições. Amanhã pode dizer-se que perde”, depois de serem efectivamente conhecidas as medidas da troika”. Sócrates pode aproveitar "e renascer das cinzas".
Sócrates é chefe do governo e no caso da troika negociou em nome do Estado português. Portanto, desprezou o Partido Socialista. Ou então acumulou clandestinamente. Por outras palavras, desta nem fingiu ter uma reunião com a Edite Estrela. Institucionalmente, é mau.
Só um português minoritário. Não acredito em Sócrates e não subscrevo Catroga. Nem com Blackberry.
não me lembro de ter votado PS, PSD ou PP...e vou continuar renitente
Tenho a leve sensação que hoje ocorreu na intimidade de um milhão de portugueses uma espécie de "tsunami" eleitoral...Pode ser que me engane, mas...