Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

07
Jan 11

O bom e velho estado. Excelente a fotografia do DN. Desde as afundações aos pés de barro. Muita banha, pouco nervo e ossos descalcificados. E ainda dizem que há fiscalizadores parlamentares, das contas ou judiciais...

 

São 10 500 entidades das administrações central, local e regional, 1500 empresas públicas, cerca de 350 institutos e 1100 fundações e associações, com que o estadão se disfarça e nos vai sugando...

 

O mostrengo resulta de acrescentarem órgãos para que se cumpram funções, pondo o carro à frente dos bois, marrando uns contra os outros e ninguém vendo os palácios diante das palhas, porque o aguilhão nos cega...

 

Não vale a pena reformar muito do que deve apenas ser extinto. Muito menos seguir o conselho daquele economista, segundo o qual o problema reside nos funcionários e que apenas devemos esperar que eles morram...

 

Se, segundo um cultor da ilustre ciência, é verdade que a longo prazo estamos todos mortos, seria preferível meter mãos à obra e determinar que, mesmo a curto prazo, podemos pôr o carro a andar em automobilização

 

Basta que o músculo movimente a banha e que o nervo seja superior à pança e que não voltem os fantasmas do velho Estado Novo que já não serve para o que foi criado.

 

Desde logo porque há vários estados dentro do Estado e outros Estados acima do Estado. E que o Estado não são eles, devemos ser nós, os que efectivamente pagam...

 

O mal volta a estar na manipulação do poder de sufrágio onde aqueles que, do monstro recebem, enganam os que continuam a ser impostados...

O poder instalado já não resulta apenas da coacção directa dos que estão em cima sobre os que estão em baixo, mas antes da manha com que os persuadem e que está na face invisível da política, misturando ideologia com autoridade.

 

Só voltará a democracia de confiança quando não nos deixarmos enganar quanto à prossecução dos nossos próprios interesses, desconstruindo a farsa que vai tramando o chamado interesse público, o que devia seguir de baixo para cima, em pública horizontalidade

 

publicado por José Adelino Maltez às 16:12

Janeiro 2011
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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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