Neste processo de obstinação em curso, o lusitano léxico continua a encontrar, quotidianamente, novas variantes para o verbo mendonçar. Isto é, ninguém entende correctamente a “newspeak” do ministerialês, pelo que tem que ser emitida interpretação autêntica, a partir do gabinete do mesmo ministro, ou através de uma conferência de imprensa de quem acredita que o discurso politiqueiro é construtivista da realidade, sobretudo daquela ponte do tédio que vai daqui para o não-lugar. Ontem silvapereirizou-se, anteontem canavilhou-se, hoje foi a ministra que tem Walter Lemos como ajudante, e quase todos vão dizendo que afinal não vimos, não ouvimos e não lemos. Aliás, só podemos colmatar as lacunas de competência recorrendo a Pitágoras, a Trismegisto e não a essa ciência exacta do discurso de um psicodrama que se aproxima, cada vez mais, do perfil de um João Franco e de um António Maria da Silva. A aritmética parlamentar e o decretino ministerialista já não coincidem com a divina geometria política. Estamos mesmo à beira de uma necessidade de refrescamento da legitimidade de exercício, bem diversa do presente uso e abuso da mera legitimidade de título...