Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

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Fev 09

O PS, repetindo o modelo do CDS, acabou de transformar um acto eleitoral em mero plebiscito, onde só faltou que as abstenções contassem como votos a favor de uma personalização de poder. Com efeito, este excesso de democracia formal do neobonapartismo dificilmente poderá enquadrar-se no conceito onusiano de “fair and free elections” e se os observadores internacionais aqui viessem teriam de reconhecer as faltas de pluralismo, debate e igualdade de oportunidades que começam a marcar a nossa partidocracia situacionista e oposicionista.

 

Por outras palavras, também é abuso aquilo que Montesquieu dizia do pretenso excesso de virtude. Porque este exagero de directas, ao transformar-se numa caricatura plebiscitária, pode matar a democracia real. Corremos assim o risco de entrarmos numa zona subpolítica, porque, sendo a "polis" o mesmo que "urbs", a autarquização do centro do Estado equivale a uma degenerescência suburbana. E a “consciência tranquila” só precisa de propaganda populista para nos enredar nos malhões de Felgueiras, Gondomar ou Oeiras, bem à imagem e semelhança daquele “bailinho” da Madeira que o PS clamava como défice democrático. Quem tem o palanque do situacionismo oficial, ou oficioso, e o controlo da “mesa do orçamento” pode correr o risco de confundir o monopólio da palavra com aquele concentracionarismo, onde “vencer”, como dizia Fernando Pessoa, pode equivaler a “ser vencido”, com os posteriores “tabus e pântanos”... 

publicado por José Adelino Maltez às 22:54

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Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
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Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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