Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

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Jun 09

O discurso presidencial confirma que entrámos em interregno, até à eleição de uma nova governação.  Viajando pela super-estrutura da metapolítica, com exercícios de retórica sobre o dever-ser, apenas confirmou que há uma espécie de suspensão da confiança pública nos actuais donos do poder. Porque, se os mecanismos dos aparelhos governamentais e parlamentares continuam em plena legalidade, têm apenas legitimidade de título, mas já não a de exercício. Porque a legitimidade é algo que não se decreta, dado que vem de baixo para cima.  Aliás, um governo legítimo é aquele que, além de deixar de inspirar medo aos súbditos, actua predominantemente pela persuasão, não recorrendo aos espaços do autoritarismo ministerialista, do ideologismo, da propaganda e da manha. O presidente, no dia seguinte ao veto da lei do financiamento partidário, apenas avisou que também é um dos fundamentos do sufrágio universal do regime  e que, já sem precisar de usar a bomba da dissolução, será o garante do funcionamento leal da concorrencialidade neste nosso tempo de vésperas. Porque, nas últimas eleições europeias, a maioria do povo calou e, sem consentir com o estado a que chegámos, apenas nada disse. E Cavaco, hábil gestor de silêncios, apenas prometeu que estaria vigilante contra os manipuladores da resignação!

publicado por José Adelino Maltez às 22:59

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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