Eu que, há poucos meses, peregrinei, com a Ana, pela ilha do Corvo, sentindo, num pequeno barco de borracha, o declive do mar, a partir das Flores, sei que os problemas financeiros apenas se resolvem com medidas financeiras, mas não apenas com medidas financeiras. A pátria, enquanto o principal mobilizador do bem comum, não é captável pelas agências de "rating" e constitui a principal mais valia porque é comunidade de coisas que se amam, coisa que nenhum despacho do despotismo ministerial pode decretar. E a maneira dos madeirenses e açorianos acederem à república maior das liberdades nacionais exige compreensão pela aventura atlântica de resistência insular. A pátria não se mede pelas coisas fungíveis e não se explica apenas por orçamentos e balanços. Um povo é uma comunidade de significações partilhadas e os homens comuns sentem que o valor mais alto é esta solidariedade sentida depois de uma tragédia que baralhou todas as lógicas merceeiras que nos amarfanhavam...