Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

26
Jun 10


A sondagem de hoje é mesmo esquizofrénica...Porque ontem foi só a terra de Pessoa e, sobretudo, de Bartolomeu, o que morreu tentando, ao serviço de el-rei Dom João Segundo. Porque criar é preciso, viver não é preciso (Pessoa dixit)...


Passos é como Queiroz: dá sete a zero a Kim Il Sung II, mas empata com a Costa da Caparica. Passa à fase seguinte, mas a malta gostava mais do Scolari e, do Otto Glória e do Bella Gutmann, muito mais ainda...


Aí está a sondagem e o meu comentário: dados provando que "embora haja uma revolta contra o poder, o regresso do PSD à governação ainda não está consolidado", não havendo "ainda a confiança de que Passos Coelho é uma alternativa" porque "tem feito demasiados ziguezagues".

 

O que, meia hora antes, era uma trapalhada (Relvas dixit), passa, num ápice, a ser sentido de Estado, a caminho do regresso à união sagrada, com os unionistas de fora. Grão a grão, se vão mastigando, para usar expressão sabiamente lançada por Mário Soares, um dos principais especialistas no ensalivado processo de conquista e manutenção do poder...


Aliás, Portugal vai jogar contra a Catalunha, com três ou quatro reforços madrilenos, quase tantos quantos são os nossos brasilienses... Que Sant Jordi nos valha contra Santiago matamouros!


Mas o zero à esquerda contra um zero à direita foi mais do que nada. Não foi calar, foi silêncio que dá esperança. E boa. Porque quem cala, isto é, não marca, também não consente em perder, apenas nada diz. Foi "a calma das coisas, a ausência de rumor e perturbação". O futebol é mesmo bestial!


O primeiro herói brasileiro, invocado pelo Imperador Pedro I foi um tal de António Vieira. Tal como depois adoptaram Pessoa (as primeiras obras completas foram edição da Aguilar...) e Saramago...

 

Nós só adoptámos o Pepe, o Liedson e o Deco... e bem! Em memória dos Magriços, de há 44 anos, quando jogávamos com os moçambicanos Eusébio, Hilário e Coluna e um tal de Vicente, irmão do Matateu do Alto-Mahé...


Tenho uma dúvida: os brasileiros não são tão descendentes de Dom João Segundo quanto os enjoados que, daqui, nunca saíram, nem em viagens de memória? Como dizia Manuel Bandeira, eles, os que tiveram dois Pedros como imperadores, são mesmo "Portugal à solta"... Portugal é bem mais do que a actual República Portuguesa. É a "respublica universalis" do próprio Portugal que partiu...


E tudo depois de mais um socrático exibicionismo parlamentar, onde, no discurso fechado desse circuito, Sua Eminência continuou com a ilusão de ser mágico, em autoclausura reprodutiva, sempre contra os anacronismos, pelo progresso que nos vai trazer "microchips" em cada dorso cidadânico de um "big brother" que nos unidimensionaliza...


As "scutas" cheiram mesmo a portagens da ponte. Qual será o Vara e qual será o Ferreira do Amaral desta nova encruzilhada? Entre um e outro, venha o Diabo e escolha. Mas entre este e o outro, sempre o pilar da ponte do mesmo tédio, que vai de um para o outro, em rotativismo, onde quem paga não é quem ganha...


Entretanto, não sou seguidor de nenhum candidato presidencial, mas reconheço que Fernando Nobre manifesta seguir grande parte de causas e desígnios que também são meus. Estou atento à diferença que se poderá estabelecer entre aquilo que se proclama e aquilo que se pratica. Mas louvo a determinação e o desassombro...

publicado por José Adelino Maltez às 09:49

23
Jun 10

José Adelino Maltez – Discurso faccioso e tribal, proferido ontem, por mim próprio, sem heterónimo,em Viseu

Estive em Viseu, no sábado e no domingo, no Congresso da Causa Real. Confirmei as minhas crenças políticas na metapolítica do poder real e das Cortes, desde menino e moço, como aqui e em todo o lugar tenho proclamado e como aqui e em todo o lado sou conhecido. Ah! No Congresso prestei homenagem a Saramago e fui aplaudido por isso. Aqui vão notas que serviram de base à intervenção…
Claro que, como tradicionalista, sou contra os reaccionários e, como conservador, sou contra os revolucionários e os contra-revolucionários, seus irmãos-inimgos, os que querem uma revolução ao contrário, mesmo que seja o que dizem ser, ou ter sido, uma revolução nacional…
De mal com certa esquerda por ser monárquico e de mal com certa direita por ser liberal, sou, como sempre fui, por amor de el-rei e da pátria, disposto a restaurar a república, para, em cortes, poder reeleger um rei…
De mal com o situacionismo, por ser do contra, também sou contra as oposições que se iludem com a febre das revoluções, porque sou mesmo contra as revoluções que não sejam revoluções evitadas…
Aliás, sou tão tradicionalista que certos membros da ortodoxia ultramontana, a ala dos ditos catolaicos, me diabolizam como herético, panteísta e relativista.
Confesso ser um homem religioso (Régio dixit) e que não faço parte dos ateus estúpidos e das cliques libertinas (ainda sigo Anderson). Isto é, continuo tão tradicionalista que reinvindica uma tradição mais antiga do que a do ano um…a que não tem o privilégio de uma religião revelada pelos povos ditos do Livro.
Liberal à antiga, assumo o vintismo e o cartismo, desembarcaria no Mindelo, defenderia o setembrismo e entraria na patuleia como histórico, embora prefira o Pacto da Granja com os reformistas…
Continuo disposto a militar no partido do Passos, de Sá da Bandeira, de José Estêvão, de Anselmo e Luís Magalhães. Por outras palavras, mantenho orgulhosamente a fidelidade azul e branca, dos liberdadeiros e da liberdade que, sem ser por acaso, também foi a bandeira da Europa e do projecto de Quinto Império do Padre Vieira…
Menino e moço, me assumi como tal, seguindo o exemplo cívico de um Henrique Barrilaro Ruas, de um Rolão Preto, de um João Camossa, que me ensinaram a detestar o despotismo ministerialista da salazarquia. E com tais exemplos, continuámos contra outros despotismos, mesmo os iluminados pela desculpa da ideologia, sempre em nome de pretensos amanhãs que cantam.
Aliás, salazarquia sempre foi aquilo que um dia disse Almada: “foi substituído Portugal pelo nacionalismo que apenas foi uma maneira de acabar com os partidos…”
E com tipos como o Luís Almeida Braga fui bebendo aquela profunda tradição regeneradora que nos deu o consensualismo anti-absolutista, coisa que em inglês se diz pluralismo e guildismo e que é o cimento fundamental das revoluções evitadas daquela revolução atlântica que nos deu o presente demoliberalismo…
E comungando no estoicismo de Herculano, era capaz de voltar a subscrever o Manifesto de Dezembro de 1820, da autoria de D. Francisco, o futuro Cardeal Saraiva, seguidor de Cádiz e Martínez Marina, dessa bela aliança peninsular contra o usurpador, como praticámos na Restauração de 1808…
Procuro retomar as teses expressas no Código de Direito Público de António Ribeiro dos Santos, seguido por Palmela, por Silvestre Pinheiro Ferreira e pelas tentativas constitucionais históricas e cartistas do governo de D. João VI…
Assumo a herança de Francisco Velasco Gouveia e de João Pinto Ribeiro e detesto as tentativas absolutistas de Pascoal e de Penalva. Prefiro as chamadas Alegações de Direito de 1579, em favor Dona Catarina e, naturalmente, prefiro a síntese das Actas das Cortes de Lamego, positivadas pelas Cortes de 1641
Porque na base está a Constituição política das Cortes de Coimbra de 1385, expressas por João das Regras e desenvolvidas pelas teorias da Casa de Aviz, principalmente na Virtuosa Benfeitoria do Infante Dom Pedro, duque de Coimbra
Claro que me entusiasmam os exemplos cívicos de Sá da Bandeira contra os devoristas e os esclavagistas, ou Herculano, pela regeneração e pela descentralização, contra os cabrais. E iria para a Patuleia não deixando morrer em vão Luís da Silva Mousinho de Albuquerque…
Tal como resistiria por D. Manuel II, como Paiva Couceiro, o mesmo que foi um dos primeiros desterrados por Salazar, por denunciar a estúpida política do Acto Colonial, no que se irmanou com Norton de Matos…
Até estaria com Rolão Preto, Almeida Braga e Vieira de Almeida ao lado de Delgado, como estive com Barrilaro, Gonçalo, Camossa e Rolão Preto, em defesa da democracia de Abril…
Mas não esqueceria a armilar mesmo depois da descolonização, como tem feito o duque de Bragança, até por Timor, na senda das perspectivas de um Luís Filipe Reis Tomás…
A fé na bandeira azul e branca, sem recusa da que é hoje o símbolo nacional e daquela armilar que esteve na base simbólica do Reino Unido de 1816, nessa herança de D. João II, da esfera, da espera, da esperança, para que o abraço armilar possa semear futuro…
Daí não poder ser anti-republicano, porque sou, além de republicano, monárquico, querendo como o título de um livro dos finais do século XV, de Diogo Lopes Rebeleo: “De Republica Gubernanda per Regem”…
Importa restaurar a república para que se refaça a comunidade política, esse concelho em ponto grande, como disse o Infante Dom Pedro, onde o príncipe deve aliar-se à comunidade da sua terra, para que a política possa regenerar-se em coisa pública, com bem comum e saudades de futuro…
O caminho da restauração da república pode reforçar-se com a eleição do rei por consenso nacional, nomeadamente como bandeira contra a desertificação do país das realidades contra o país nominal (Herculano dixit), até para podermos voltar ao mar-oceano com os pés na terra, contra o centralismo capitaleiro de Pombal, Fontes, Afonso Costa, Salazar, Soares e Cavaco Silva…
Fonte : Blogue Sobre o tempo que passa
publicado por José Adelino Maltez às 22:09

10
Jun 10

Comemorando mais um fim de ciclo. Ou o registo da minha participação no Encontro dos Liberais Ibéricos no passado dia dez.

 

Porque Passos Coelho volta a dizer que é um homem de palavra, não comento indícios. Nisso, prefiro ser como o S. Tomé. Mesmo que não haja chagas. Basta a lista das escolhas dos ministeriais.

 

Quem vê em directo a turbulência de Atenas e de Barcelona, pode confirmar a areia movediça em que se movem os pequenos e médios Estados de uma Europa que diziam federal. Espero que o nosso próximo governo tenha a humildade de o reconhecer e que, depois desta agregação, se prepare um consenso bem maior, antes de um indesejável estado de necessidade.

 

A geo-estratégia é mera ciência auxiliar da política.... acerta tanto como as sondagens e a teologia

 

Por isso é que o João Paulo II e um electricista de Gdansk derrotaram a herança de Estaline...

 

Tal como um fabricante de champanhe imaginou a União Europeia..

 

E um imperador do Brasil desembarcou no Mindelo...

 

Costuma haver conversões na estrada de Damasco...

 

"Face a indícios de que 137 auditores que estão no Centro de Estudos Judiciários a formarem-se para serem magistrados copiaram num teste, a instituição atribuiu dez a todos". Por mim, chumbava é este modelo de grelha, bem como os seus autores e executores...

publicado por José Adelino Maltez às 16:28

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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