Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

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Jan 11

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A viagem pelas honorárias começa a mostrar minhocas do PSD, mas acrescentadas com as do PS. E se passarem do BPN ao BPP, lá se vão todos os consensos do bloco central político, bem assentes nos pés de barro do bloco central de interesses.


2
Corrupção é simplesmente um processo de compra do poder. Do poder em sentido amplo. De compra e venda também em sentido amplo. Não apenas com dinheiro. Mas sempre a um detentor de poder. Não se confunde com o que está plasmado nas leis penais. É como o "dopping", está sempre adiantado mentalmente aos criadores de vírgulas...


3
‎"Je disais hier à Ch. Dupin: – M. Guizot est personnellement incorruptible et il gouverne par la corruption. Il me fait l’effet d’une femme honnête qui tiendrait un bordel." (Victor Hugo sobre o inspirador do nosso Costa Cabral).


4
Entre o fundamentalismo de esquerda e o de direita, venha o diabo e escolha. Basta não seguir o catecismo para que o pingalim nos mande destrocar os passos do pretenso senhor que gosta de dar tiros no pé. Qualquer dia, quem disser que há corrupção ainda pode ser acusado de corrupto, para que manifestos corruptos continuem a ser eleitos e reeleitos.


5
Presidente candidato caiu na esparrela do BPN. Estamos a discutir a árvore e não a floresta. Aquilo dava uma excelente série de costumes sobre o capitalismo do cavaquistão. A última cena poderia ser o anúncio de Alegre em defesa do BPP, com um livro de um qualquer patrão a ser apresentado por um qualquer destes ministros socialistas. Nem é preciso fazer ficção, bastam imagens de arquivo...


6
Uma democracia não são votos. A ditadura que acabou em 1974 começou com votos em 1928, quando Carmona foi plebiscitado com muito mais sufrágios do que aqueles que receberam todos os partidos juntos nas eleições parlamentares de 1925. Em democracia pluralista, depois do voto em urna, há o voto permanente da cidadania e da participação.


7
A nossa democracia está a perder o viço pelo indiferentismo e pela corrupção. Tem que ser reinventada e refundada. Basta contabilizar, somando os que estão a favor e os que estão contra. Todos juntos são bem menos do que os indiferentes. E todos sabem que quem manda efectivamente não são os candidatos nem os eleitos, mas os autores dos guiões que se escondem do palco.


8
Chegámos a novo tempo de Interregno. E, como diria o Mestre, "é a hora". Que, "quanto mais ao povo a alma falta, mais minha alma atlântica se exalta".


9
As brigadas do reumático de campanha cabem todas na mesma sala de espectáculo. Podia ser um concerto conjunto de mandatários de banda larga, para animar a malta, em procissão, mesmo sem "Te Deum" de música celestial




10
Em 24 de Abril de 1998, na primeira tentativa de introdução em Portugal da "Transparency International" abordei directamente e nestes precisos termos a matéria da corrupção. O meu conceito é o do politólogo russo Serguei Kurguinian. Aqui deixo o rasto do texto:


11
‎"Entre os processos normais de influência junto dos detentores do poder, levados a cabo pelos grupos de interesse e pelos grupos de pressão, há uma especial forma de pressão chamada corrupção, onde se influencia decisivamente o detentor de poder, utilizando formas de compra, directas ou indirectas, de maneira que o político desaparece..."


12
‎"...ressurgindo o atavismo do doméstico, quando o Estado passa a ser gerido como se fosse uma casa, quando o príncipe volta a ser um dono ou um pai, esquecendo-se que deve obediência a formas de justiça distributiva e social e que, nos negócios públicos, não pode introduzir a privatização da justiça comutativa"


13
Há valores. Há uma ampla maioria de pessoas que opta pelo ser em vez do ter, mas as minorias activas manipulam. Como se o PGR tivesse que estudar grupos de pressão e grupos de interesse...


14
É matéria para a ciência com coragem e disposta a pagar o preço dos homens livres, "livres da finança e dos partidos", como era lema de uma revista de 1925, federando seareiros e integralistas...Não chegou a tempo de evitar o bloqueio da ditadura...


15
Infelizmente, até houve seareiros e integralistas que entraram no desespero de apoio à ditadura semeada pelas forças armadas que, tambem felizmente, nos devolveram a liberdade quando regressaram aos quartéis, depois do 25 de Novembro de 1975.

 

(in STQP)

publicado por José Adelino Maltez às 13:39

Tédio, apenas tédio. A AR-TV faz desfilar deputados "yuppies"do rotativismo, todos repetindo um politiquês quase anível das notícias sobre a preparação das equipas de futebol para o próximo jogo. Quem tirar o som pode confirmar a linguagem gestual da decadência... basta fingir que é gralha o apagar dos espaços.

 

Tenho a impressão que a constituição, constitucionalmente falando, deve obediência ao direito e que o direito serve a justiça. Parecer não chega para juristício...que até esse era juridicamente regulado.

 

Juristício segundo o velho direito romano, era um período de tempo limitado em que, na república, se suspendia o direito, instaurando-se a chamada ditadura clássica. Não era como a ditadura derivada da falta de aplicação da Constituição de 1933, onde a suspensão provisória, prevista no parágrafo único sobre direitos, liberdades e garantias, se tornou definitiva...Em ditas moles é tudo mais hipócrita.

 

Por cá, neste reino cadaveroso, do pensar baixinho, como dizia Sérgio, continua o regime do chamado respeitinho por quem, todos os dias, falta ao respeito aos fins que o poder devia servir, sem que os detentores do dito, dele se servissem.

 

O patrão, ou dono, pode mandar na casa. Na política não há donos. Inventámos a política para sairmos da casa e deixarmos o "dominus" (chefe da "domus"). Em grego, dono era "despote" e casa, "oikos"...

 

Ai de quem não diz que sim senhor, ao senhor director, ao senhor ministro, ao senhor rector, a qualquer senhor que se subscreva presidir ao coiso! Mesmo que seja para dizer que eles, muitas vezes, põem as ordens contra os regulamentos ou as circulares contra as leis, legislando sem obediência ao direito.

 

Contra a desordem instalada impõe-se a procura da ordem que seja subversão pela justiça. Quem todos os dias reprime apenas o faz, coitadinho, porque tem medo da justa revolta do reprimido. Mudar é não rebaixar os fins do poder, é pensar mais alto.

 

Há muitas décadas, há muitos séculos, que os verdadeiros teóricos da política, os que pensam a prática, sofrendo o mal, inventariaram as categorias do despotismo democrático, do absolutismo democrático e, mais recentemente, da democracia totalitária. Nasceu sempre do mais baixo para o mais alto...quase sempre a partir do indiferentismo e da corrupção.

 

 

 

 

publicado por José Adelino Maltez às 12:18

Alguns que não conhecem nem a verdade nem a honra são capazes de tudo, mesmo de fechar o olho sobre uma abelha (Malangatana)

 

É evidente que a indústria parecerística que trabalha para os poderes instalados, onde filhos e parentes colaterais estão lá nas alturas, o faz por militância, sempre "pro bono"...

 

A viagem pelas honorárias começa a mostrar minhocas do PSD, mas acrescentadas com as do PS. E se passarem do BPN ao BPP, lá se vão todos os consensos do bloco central político, bem assentes nos pés de barro do bloco central de interesses.

 

Foram todos vendidos, os títulos que nos compram, mas os juros dispararam. Ainda podemos respirar. Mas o ar está cada vez mais comprimido. Vale-nos o credo na boca...

 

A viagem pelas honorárias começa a mostrar minhocas do PSD, mas acrescentadas com as do PS. E se passarem do BPN ao BPP, lá se vão todos os consensos do bloco central político, bem assentes nos pés de barro do bloco central de interesses.

 

A verdade tarda, mas nunca falha (Malangatana).

publicado por José Adelino Maltez às 12:17

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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