Algumas candidaturas que por aí campanham ainda não repararam que, no maquiavelismo conselheiral do que parece e não é, o tacticismo do curto prazo, acaba por ser, de um dia para o outro, além de má moral, pior política. Sobretudo num ambiente que volta a ser enredado pelas esquerdas e pelas direitas mais estúpidas do mundo. Até emergiu uma esquerda que convém à direita e que, caso não existisse, teria de ser inventada, para rimar com a hipocrisia de um tempo global, onde principais gestores do capitalismo internacional, do FMI ao BCE, são ilustres figuras do socialismo. Se me considero totalmente esclarecido com aquilo que Alegre disse sobre o agenciamento de homens das letras e das artes, à boa maneira do recrutamento da socialite para a comunicação social do cor de rosa, também estou inteiramente elucidado sobre aquilo que Cavaco vai dizendo, depois de proclamar que, aos costumes, apenas dirá o nada. Ambos caíram na mesma esparrela. Mas juro que, se era capaz de confiar a minha carteira a Cavaco, já não mandava Alegre verificar as próprias contas e jamais me depositaria junto de antigos e presentes amigos políticos do primeiro, tal como acho que certos propagandistas do segundo não têm futuro nem aquele pretérito perfeito de um Abril cumprido, com 25 de Novembro na hora certa. As rodas do carro da política deixaram de rodar em torno do eixo do bem comum e todos nos vamos enrodilhando na esquina, a mexer na concertina. O Zé Povinho, fingindo-se adormecido, apenas está enjoado de tantas más acções. Vencer pode voltar a ser o ser vencido.