Diz o calendário que começou um novo ano, mas ele começou doze horas mais cedo no sol nascente e durou outras tantas até ao poente nascer de novo. Por mim, nem em reflexões de mudança consegui deter-me...
Os seres humanos são mesmo estúpidos quando se enrodilham no abismo. Mesmo sabendo que eles nos levam à perdição. Há sempre um acaso procurado que nos retira do redemoinho, desde que a procura seja mais forte do que as pulsões de memórias por cumprir.
Se o além me determinou viver, há que cumprir nosso dever por dentro, passando o testemunho de missão. Com a raiva de continuar vivendo e com o prazer de cumprir as tais saudades de futuro.
Não chega a submissão do sobreviver. Importa lutar para continuar a viver, como ensinou Saint-Exupéry que morreu tentando, sem desistir.
Porque hoje é sábado e dia um do um do um, um. E porque muitos se perdem no nome dos dias da semana, confundindo as divisórias e as marcas do ter de fazer, ter de telefonar, ter de cartear, ou essemessisar...
Porque hoje não apetece odiar nem desprezar. Vale mais descobrir o silêncio do que vir a saber que o inferno podemos ser nós.
Há encontros, reencontros, desencontros, memórias e permanecentes cumplicidades. Mesmo para quem chega antes, ou depois, só porque estando na rua do mesmo tempo, não ousou bater à porta entreaberta...
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