Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

05
Jun 11

 

Depois de já estarem todas escritas as frases que comentaram as sondagens, teremos agora de concluir que os programas eleitorais já foram todos escritos e que apenas nos falta um governo capaz de pilotar o futuro, depois de devidamente “troikado”. Com efeito, mais de 90% da programação da governança já está pré-definida, enquanto os primeiros resultados analíticos demonstram a incapacidade que as sondagens tiveram quando não conseguiram medir o nível das abstenções. Por outras palavras, estas eleições não tiveram o ritmo de mobilização heróico, nomeadamente das eleições para a Assembleia Constituinte de 25 de Abril de 1975... O povão não sentiu a "pátria em perigo" e não se mostrou disposto a passar um cheque em branco ao sistema. Por outras palavras, o normal continua a ser o haver destes anormais. O chamado derrotado, o PS, para além da tradicional cura de oposição, está condenado a entrar na era pós-socrática e a encontrar uma liderança de transição com a tralha aparelhística, numa co-optação com o modelo da troika, por ele negociado. Por outras palavras, há o risco de uma certa clausura auto-reprodutiva, onde dominarão factores de poder que já não são maioritariamente domésticos, ou intra-nacionais, com a consequente gestão de dependências e inevitáveis manobras de navegação na interdependência, sobretudo na política europeia e na sucessão de acasos da geofinança. A democracia não pode ser um jogo de soma zero, mas um jogo mobilizador, de soma variável, com lideranças regeneradoras e congregadoras. Tenho esperança.

publicado por José Adelino Maltez às 15:34

Depois deste breve intervalo urneiro, onde a ilusão de soberania residiu em a nação, conforme as palavras constitucionais de 1822, confirmou-se que o presidente Cavaco não perdeu as eleições. Pena, terem demorado tanto tempo a realizar-se. Infelizmente, o que estará em cima, na governação e na necessidade de acordos parlamentares para o aprofundamento maioritário, pode ser mera consequência do paralelograma de forças deste arquipélago de sub-situacionismos, onde reside a capilaridade social dos grandes partidos sistémicos, integrados nas principais multinacionais partidárias da Europa. Mas o brio nacional que, apesar de difuso, ainda é a principal chama desta encruzilhada, exige que, depois da liderança de pretensos homens de génio, em sucedâneos messiânicos, se entre num novo ciclo de liderança de homens comuns, capazes de organização colectiva do trabalho nacional. Por outras palavras, o regresso ao ciclo da governança dita de direita, impõe um estilo centrista, liberto do centrão mole e difuso dos blocos centrais da partidocracia e do mero consenso de interesses. De outra maneira, poderemos pedir desculpa por essa interrupção, dado que o mais do mesmo continuará dentro de momentos. Mas há, de certeza, homens de bem na meritocracia de Portugal que vão fazer pontes e talvez haja efectivas promessas de cooperação, para que a aritmética parlamentar se transforme numa maioria. Nem que seja um acordo sobre o que estão em desacordo, com cláusulas condicionais de cooperação. Porque só é novo aquilo que se esqueceu. E só há o verdadeiro fora do tempo. Mesmo que, normalmente, tenha razão antes do tempo.

 

(Diário de Notícias)

publicado por José Adelino Maltez às 15:33

Maioria absoluta em Portugal para o Partido Popular Europeu. Apesar dos esforços da Senhora Merkl no apoio à secção portuguesa dos socialistas europeus. Até nos pepinos ibéricos que, afinal, eram rebentos germânicos de soja.

 

Tudo como dantes. A habitual palha de Abrantes. Isto é, o centrão sociológico que abandonou o PS e se passou para o PSD, como dantes se tinha passado do PSD para o PS. E com o Bloco de Esquerda a entrar em ritmo de "pê-erre-dização"...

 

publicado por José Adelino Maltez às 13:44

Lá se foi a noite eleitoral. Com vitória formal da abstenção. Isto é, fomos derrotados. Desejo boa sorte para que da próxima vez possamos mesmo escolher um programa de governo pela via eleitoral, quando restaurarmos os mínimos de independência nacional. Até lá, protectorado, como disse um dos futuros parceiros da coligação.

publicado por José Adelino Maltez às 13:44

A democracia precisa, urgentemente, que o PS entre em regeneração. Ainda há homens livres que internamente avisaram. Ouçam-nos!

 

Vai haver agora muitos adesivos ao anti-socratismo de última hora e enfileiram-se os viracasacas. Há também os históricos do anticabralismo. E que há vários anos receberam a adequada punição do situacionismo. Cá estarei para registar os oportunistas que vão colar-se ao novo modelo. Porque a essência do homem livre é continuar do contra.

 

Sócrates só pode analisar-se devidamente em termos de psicologia política. Estava entre João Franco e António Bernardo da Costa Cabral. E nunca chegou aos calcanhares de António Maria da Silva. Mas tentou sucessivas formigas brancas. E reproduziu-se em muitos socratinhos, os tais que agora querem mudar a fatiota para passinhos. Até andam à procura do telefone de Miguel Relvas...

 

Antes de Sócrates falar, até a porta de vidro do hotel estilhaçou...

 

"Il Principe" diz que não quer ser presidente da Assembleia da República, num eventual acordo de regime com o PSD.

 

Afinal, as eleições sempre foram o adequado golpe de Estado sem efusão de sangue.

 

Apenas Almeida Santos vai continuar a liderar a renovação do Partido Socialista.

 

José Sócrates continua a fazer história. Tal como António José de Ávila e José Dias Ferreira na monarquia liberal, transforma-se no terceiro chefe de governo da democracia instaurada em 1820 a perder as eleições em cima do aparelho de Estado...

 

Os socratinhos que foram mais papistas do que o Papa, preparam-se para mudar de camisola. Aconselho adequada lixívia bem cheirosa para muitas das bestas da persiganga e do "outsourcing" que agora se apressam a "passar-se"... Por mim, não esqueço!

 

Depois do "passamento" a ferro, vêm aí os "passadores". Pena haver arquivos e "cache"...

 

Sócrates não vai exercer cargos políticos. O secretário de estado do desemprego respira de alívio...

 

Até na demissão não largou o teleponto...

 

 

 

publicado por José Adelino Maltez às 13:40

Lá votei. E pela primeira vez, quase em quatro décadas, até fui sondado à boca da urna. Impressionou-me este eleitorado de Lisboa velha. Até eu, que sou velho, parecia novo, entre tantas bengalas, no toc-toc de um país aposentado, dependente do senhor Estado...

 

Os primeiros resultados analíticos demonstram a incapacidade que as sondagens tiveram quando não conseguiram medir o nível das abstenções. Por outras palavras, estas eleições não tiveram o ritmo de mobilização heróico, nomeadamente das eleições para a Assembleia Constituinte de 25 de Abril de 1975... O povão não sentiu a "pátria em perigo". O normal continua a ser o haver anormais.

 

O drama dos analistas profissionais é que costumam ter razão antes do tempo. Até nos palpites.

 

publicado por José Adelino Maltez às 13:39

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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