Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

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Jun 11

Annus horribilis (2011), Annus horribilis (2012), Annus horribilis (2013), Annus horribilis...horribilis. Não sou eu que o prometo, é o primeiro-ministro indigitado.

A actual república dos portugueses não monopoliza a história dos portugueses. Só no Brasil há mais de cem milhões dos sucessores de D. Afonso Henriques. São, pelo menos, dez vezes mais...

Dia zero. Daquilo que não se herda, mas que se conquista. E tudo sem bandeiras da Europa ao fundo. Eram seis e da república. Fica a leal expectativa de quem tende a ser do contra. Mas gostei das palavras de Passos. E não desgostei das de Portas. Quase digo o mesmo que disse de Sócrates no seu dia zero. O estado de graça é sempre assim.

Pena! Eu gosto muito das doze estrelas...Ao que consta, o Padre António Vieira tinha proposto o símbolo em causa para o respectivo Quinto Império. E a unificação europeia foi buscar o mesmo símbolo a um vitral da catedral de Estrasburgo, sobre a Virgem Maria, conforme também dizia nosso querido padre, português e brasileiro, para ser português inteiro!

Entre as doze estrelas e a armilar, há uma identidade universal, a nossa!

Não há nada mais absurdo do que o totalitarismo doce das "révolution d'en haut" lançadas pelo regulamentarismo estéril de certa burocracia que nos quer engenheirar em normalizações que matam a liberdade individual e a criatividade que não se contém nos descritores. A pior criatura do socratismo foi o exacto contrário do criador...Este regime de sargentos e contínuos, arvorados em catedráticos.

Esta mistura salazarenta de maoísta e hierarca gerou um mostrengo que vai perdurar em burrocracias, sobretudo no sistema dito de ensino, esses repetidores cronológicos e analíticos que nunca compreenderão os liberdadeiros do pragmatismo clássico nem a aventura da insolência. Dão sempre nota dez, mesmo a um eventual prémio Nobel...

Li, com cuidado, os dez objectivos do próximo governo. Julgo que, à excepção de uma ou outra frase, susceptível de ser entendida como crítica ao socratismo, não haverá nenhum militante do Partido Socialista que não subscreva essas cláusulas gerais. Há apenas mera renovação na continuidade, do mesmo situacionismo. Renova-se mais o estilo do que o texto. Até a gente nova pode ser a velha.

Se juntarmos, sem numeração, estes pedaços do decálogo da nova governança, poderemos ler um dos belos discursos analíticos do presidente Cavaco. Por outras palavras, há coerência programática de uma linha miscigenada entre a social-democracia e o social-cristianismo. É o que observo, de fora. Sem surpresa.

Há quem num só esguicho se insurja, e bem, contra o racismo germânicos dos pepinos, para logo invocar a tradição otomana do Estado grego. Prefiro Lord Byron e não sou viking!

Os candidatos a magistrados não são magistrados, como titulam as notícias. E o clamor levantado demonstra que a magistratura é uma coisa séria demais para ficar circunscrita aos magistrados e aos corporativismos que os circundam. Ainda bem! Começamos a ter consciência da importância do tradicional terceiro poder da coisa pública! Não queremos que eles seja meras bocas que pronunciam as palavras da lei.

 Infelizmente, parece que é mesmo assim. As direcções de uma prestigiada instituição não repararam como o tratamento burocrático de uma questiúncula normal nos anormais dos sistemas de classificação teria tanta repercussão, contribuindo assim para o desprestígio de uma categoria necessária à regeneração nacional da confiança pública. E como se confunde a floresta com umas árvores, os danos são imensos...

 Os testes de cruzinhas, hoje, podem ser notáveis de precisão. Quem os inventou, os américas, até fazem hoje isso "on line" com uma objectividade incrível. Basta usar uns "magalhães" em rede e marcar ritmo de precisão simultânea e tempos impossíveis de copianço. Repetir modices de há mais de meio século pode redundar em desastre!

Essa coisa de ser professor tem a ver com profissionalismo... essa coisa de ser escola também tem a ver com certa ideia de instituição..

Como sou um velho reaccionário, bem gostava de voltar a ver magistrados presidindo a júris de todas as cadeirinhas das faculdades publicamente avaliadas, como acontecia ainda no meu tempo. Até um valor simbólico tinha. E poderia levar o CEJ a ser mais intimamente participado pelas grandes escolas de direito, num vice-versa integrativo e sem os gurus reformadores do costume, bem subsidiados como vacas sagradas.

publicado por José Adelino Maltez às 21:28

Quem tiver a humildade de reconhecer a turbulência de Atenas apenas pode prever que, ano a ano, seremos “annus horribilis”, sem o “porreiro, pá” de uma Europa que diziam federal, mas que já nem bandeira azul de doze estrelas serviu para pano de fundo do anúncio da nova coligação dos dois membros da multinacional do Partido Popular Europeu. Assim, os criadores de artificiais factos políticos, nomeadamente os habituais semeadores de deixas que fazem as parangonas dos semanários de regime, não passarão de mera nota pé-de-página dos restos de “agit-prop” e dos velhos secretariados de propaganda nacional. Hoje é o dia zero de um novo estado de graça, como já se viveu com Sócrates, Barroso ou Guterres. Até os rebeldes, que acham que pensar é dizer não e tendem a ser do contra, aguardam, com leal expectativa democrática, o anunciado processo de conquista da confiança, tanto dos mercados da geofinança, como dos mercados políticos internos. Por isso é que todos gostámos das palavras de Passos e não desgostámos das de Portas. Esperemos que, na prática, a teoria não seja outra.

publicado por José Adelino Maltez às 15:30

 

Quem tiver a humildade de reconhecer a turbulência de Atenas, apenas pode prever que, ano a ano, seremos “annus horribilis”, sem o “porreiro, pá” de uma Europa que diziam federal, mas que já nem bandeira azul de doze estrelas serviu como pano de fundo para o anúncio da coligação dos dois membros lusitanos da principal multinacional partidária europeísta. Assim, os velhos criadores de artificiais factos políticos e parangonas não passarão de mera nota pé de página dos restos de “agit-prop” e dos velhos secretariados de propaganda nacional. Hoje é o dia zero de um novo estado de graça, como já se viveu com Sócrates, Barroso ou Guterres. E até os rebeldes, que acham que pensar é dizer não, e tendem a ser do contra, aguardam, com leal expectativa democrática, o anunciado processo que nunca se herda: o da conquista da confiança, tanto dos mercados da geofinança, como dos mercados políticos internos. Por isso é que todos gostámos das palavras de Passos e não desgostámos das de Portas. Esperemos que, na prática, a teoria não seja outra.

 

publicado por José Adelino Maltez às 15:29

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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