Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

21
Jun 11


Há mais de dois mil anos, bem antes de Cristo, se marca um dia muito especial, o do solstício, dito de Jano, o dos (re)começos, donde veio Janeiro, o nome do mês, o do deus bifronte, de duas faces, uma visível, outra invisível, e com que muitos confundem, e ainda bem, o dia de São João.

 

E, sem ser por acaso, a não ser os sagrados, Portugal também viveu, a 21, o dia de passagem do testemunho, e da eventual regeneração da república contra o cinzentismo da classe política e da partidocracia.

 

Porque a derrota da véspera se transformou na vitória da divisão e interdependência dos poderes e de aviso à navegação contra o principado.

 

Para que se consensualize a humildade da democracia pluralista, que não pode cair na virose do ir de vitória em vitória, para a nossa derrota final.

 

Até há momentos que são os do regresso da palavra e do alto nível da democracia, como aconteceu no dia joanino de uma mulher, a que produziu um dos melhores discursos que ouvi na última década de um actor político.

 

Fiquei feliz porque ela mostrou ser feliz em servir. E 186 deputados ajudaram à boa esperança.

 

Que viva essa nossa democracia!

publicado por José Adelino Maltez às 15:24

Confesso a minha fragilidade: ainda vou em discursos. Mas o homem é um animal de palavra, sobretudo de "logos", de palavra posta em discurso na cidade, coisa donde veio a democracia. Julgo que o homem é o único animal que fala e que, reconhecendo-se finito, inventou o sagrado, ou foi por ele recriado, em interacção.

 

Finalmente, uma neokantiana emerge no meio desta tristeza decadentista, barroca, utilitária e de neopositivistas, mal arrependidos de um marxismo de pacotilha. E Assunção fez a justiça de invocar Marx, o tal que um dia disse que não era marxista, quando reparou como a criatura se estava a refazer contra o próprio criador.

 

Há uma pequena coisa chamada coerência de princípios que, quando confirma a autenticidade, nos puxa para cima, em assunção que também pode ser ascensão. Quando a democracia rima com filosofia, o resultado pode ser esta razão prática.

 

O discurso de Assunção Esteves demorou trinta anos a fazer! Gostei de o sentir em pensamento, pensando o que na verdade sinto.

 

Espero que o discurso leve bom senso a algumas das ministerialidades vigentes que ainda têm a tentação de refazer o modelo gago ou neogaguista de "révolution dén haut". Até já se vislumbravam alguns alfredos apimentados, disponíveis para o serviço da vulgata e do inquisitorialismo, não respeitando sequer o original...

publicado por José Adelino Maltez às 15:24

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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