Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

13
Jun 11

É preciso que o país da realidade, o país dos casais, das aldeias, das vilas, das cidades, das províncias, acabe com o país nominal, inventado nas secretarias, nos quartéis, nos clubes, nos jornais, e constituído pelas diversas camadas do funcionalismo que, e do funcionalismo que quer e há-de ser (Alexandre Herculano, na Carta aos Eleitores do Concelho de Sintra, de 1858)

publicado por José Adelino Maltez às 14:12

11
Jun 11

É previsível que o normal consista numa sucessão de acontecimentos anormais, dado que a maior parte dos factores de poder já não são intranacionais nem são controlados pelas próprias instituições europeias. O poder informal da geofinança desfez todos os velhos quadros formais.

 

Vivemos sempre à beira daquele perigoso conceito das forças vivas em movimento, para as quais o soberano é apenas aquele decide em estados excepcionais. Por outras palavras, a excepção já não confirma a regra. E quem não estiver preparado para a mudança pode arriscar, mas não petisca.

 

Ninguém come ideologias, mas até os pepinos podem ser objecto do regresso do racismo do pequeno confronto de civilizações intra-europeu. A malta das brumas e da meia-noite pensa que os tipos do meio-dia, da bacia do velho mar interior, aguentam as abstracções e os conceitos dos respectivos sistemismos. O marxismo branco continua...

 

O marxismo branco pode ser o direitismo actual que não consegue compreender como é que um velho liberal pode estar mais próximo de um libertário anarquista que de um futuro ministro pretensamente bem-comportado que quer passar no exame analítico do bom aluno, perante um desses contínuos eurocratas que nos reduzem a simples folhas de "Excel" vistas com "ad usum catrogae".

 

Há muita gente que não percebe que quem mais ganha com a guerra entre os canhotos de ontem e os endireitas de hoje são sempre os bonzos que nos instrumentalizam...

 

publicado por José Adelino Maltez às 14:09

Um bom governo de Portugal será aquele que conseguir conquistar a confiança dos que não votaram PSD ou CDS, tendo suficiente flexibilidade para navegar numa alteração anormal das circunstâncias que os acasos da geofinança gerarem, nomeadamente quando o directório europeu atirar o acordo com a troika para o caixote de lixo da história...

publicado por José Adelino Maltez às 14:09

10
Jun 11

Dia de Portugal. Corria o ano de 1880, quando Teófilo Braga e Ramalho Ortigão promoveram o Centenário de Camões. A rainha participa nas cerimónias de 10 de Junho, em carruagem descoberta. A comissão organizadora, presidida pelo visconde da Juromenha, mobiliza Eduardo Coelho, Sebastião de Magalhães Lima e Manuel Pinheiro Chagas, havendo grande apoio da maçonaria. Foi dez anos antes do Ultimatum...

 

Dia de Portugal. Em 1890: a estátua de Camões em Lisboa aparece rodeada de crepes negros, por iniciativa do deputado Eduardo Abreu e "a multidão vai enfim modelar-se em povo em torno da figura lendária do grande épico, e uma pátria surgir onde até aí se revolvia surdamente uma colmeia" (Basílio Teles). Compõe-se A Portuguesa. Miguel Ângelo Pereira compõe A Marcha do Ódio, musicando poema de Guerra Junqueiro.

 

Dia de Portugal: ano de 1825. Garrett publica em Paris "Camões". Aí se canta: "Saudade! Gosto amargo de infelizes! Delicioso pungir de acerbo espinho!". A pátria que hoje se comemora é uma invenção dos românticos liberais do século XIX. Os tecnocratas nunca o entenderão. E os funcionários públicos sem espinha, também não.

 

 

 

publicado por José Adelino Maltez às 14:08

09
Jun 11

Concluindo meu "paper" para a reunião dos liberais ibéricos de amanhã. Porque "às vezes, apetece cometer o pecado de tanto rejeitar o politicamente correcto da esquerda cultural como de não alinhar com a direita louvaminheira que ingressou na fileira do situacionismo".

 

"Foi só depois da célebre Revolução de Cádis de 1812, a principal matriz emocional dos nossos vintistas, que, em Inglaterra, começou a aparecer a designação de british liberales que, pouco a pouco, foi denominando o velho partido whigh, o qual, a partir de 1840, passa a considerar-se como Liberal Party".

publicado por José Adelino Maltez às 14:06

Se pensam que eu respondo a frases desinseridas do contexto que escaparam, de certos amigos meus, sobre determinadas categorias profissionais, nomeadamente de colegas cabeças de lista, desenganem-se! Deve ser uma guerra de comentadores televisivos intrabracarenses. Para bom entendedor...

publicado por José Adelino Maltez às 14:06

08
Jun 11

Passos negoceia com Portas. Começa a sucessão no PS. António Costa declara não querer ser líder de transição. Francisco Assis quer fazer pontes com a tralha socrática. António José Seguro, que já podia ter avançado antes de Sócrates, quer passar do aparelho ao Ratton. O PS é preciso.

 

Também no PS acabaram os líderes providenciais, os príncipes de Maquiavel, em ritmo de personalização do poder. Chegou a era dos homens comuns, chefes de turma, com capacidade de organizar o colectivo dos militantes. O principal desafio é fazer com que um partido centrista da esquerda consiga evitar os cogumelos da esquerda revolucionária, reciclando-os para o sistema.

 

Há no PS significativas energias. Jovens que estão integrados na grande luta de ideias do socialismo europeu. E lideranças que conhecem o país da realidade e a história de um PS, o de Mário Soares que se lembra da pedagogia de António Sérgio e do sonho de Antero de Quental.

 

O PS parece engatilhar na Esquerda do Português Suave, ainda sem filtro... Pelo menos, na primeira ronda de propaganda do situacionismo em clausura auto-reprodutiva

 

Agora, chegou a vez de Seguro. Menos picareta falante, mais militante. Não comento. Simpatizo com o Tó Zé. Seguro é fixe. Costuma cumprir a palavra dada.

 

publicado por José Adelino Maltez às 14:04

06
Jun 11

Quando a sociologia mais conservadora do eleitoral demonstrou não ter medo do programa de mudança de Passos Coelho e não sufragou os reflexos condicionados de medo, emitidos em exagero pela propaganda socrática, os principais agentes políticos cá da república não podem agora apenas conservar o que está do lado daquela direita dos interesses, tradicionalmente viracacaquista!

 

O PSD tem a arriscada missão de liderar a pós-revolução e tem de o fazer, em aliança com o CDS, através de um pacto de regime com o novo-velho Partido Socialista. O programa de consenso está nos discursos de Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva, no passado 25 de Abril. E tudo deveria estar firmado para ser anunciado em 10 de Junho!

 

Apenas não posso dar os parabéns aos bloquistas que têm de reconhecer o PS, mais uma vez, como o grande reciclador da esquerda revolucionária e o PCP como a pedra firme de uma certa religião laica.

 

Tudo como dantes. A habitual palha de Abrantes. Isto é, o centrão sociológico que abandonou o PS e se passou para o PSD, como dantes se tinha passado do PSD para o PS. E com o Bloco de Esquerda a entrar em ritmo de "pê-erre-dização"...

 

Maioria absoluta em Portugal para o Partido Popular Europeu. Apesar dos esforços da Senhora Merkl no apoio à secção portuguesa dos socialistas europeus. Até nos pepinos ibéricos que, afinal, eram rebentos germânicos de soja.

 

Lá se foi a noite eleitoral. Com vitória formal da abstenção. Isto é, fomos derrotados. Desejo boa sorte para que da próxima vez possamos mesmo escolher um programa de governo pela via eleitoral, quando restaurarmos os mínimos de independência nacional. Até lá, protectorado, como disse um dos futuros parceiros da coligação.

 

A abstenção pode significar uma atitude de superior desprezo, em protesto contra a usurpação da democracia por um “l’État c’est lui” de uma oligarquia.

 

Quem cala (eleitoralmente) tanto pode consentir como nada dizer (quis tacet nihil dicit). De qualquer maneira, há movimentos e partidos que podem assumir-se como vozes tribunícias, promovendo um esforço de integração no sistema dos marginais ou excluídos.

 

A democracia abrileira conseguiu ser a mais inclusiva das três que tivemos, desde que em finais de 1979 os marginais conquistaram o poder evitando o sonho de mexicanização. Superou-se o modelo de clausura do partido sistema (PRP, contemporâneo do PRI), ou do rotativismo devorista (equivale ao bloco central onde o PSD se assemelha aos regeneradores e o PS aos progressistas).

 

 

publicado por José Adelino Maltez às 15:31

Da Reuters, há bocado: Adelino Maltez, a political analyst in Lisbon, said the election "puts Portugal in the normal European groove of centre-right governments, which deserves more investor confidence." He said the PSD and CDS-PP should be able to agree on ministerial portfolios quickly, perhaps this week.

 

But he said a new government might have a better chance of riding out a popular backlash over the austerity measures if it was broadened out to include the outgoing Socialists, and this might take longer" (Telegrama da Reuters).

 

"The solution should go via a regime pact with the Socialists, the party that negotiated the bailout. Maybe the government could include one of their ministers, say Luis Amado staying on as foreign minister," Maltez said. Analysts say President Anibal Cavaco Silva may push for such a solution during talks with the parties this week" (idem...apenas uma ideia agitadora da estabilidade).

publicado por José Adelino Maltez às 14:02

Acabo de receber, de um dos autores, o livro "Salazar e a Conspiração do Opus Dei". Fiquei deliciado com alguns nacos de literatura de justificação de certos resilientes dos sucessivos regimes e que as teorias da conspiração, por eles animadas, tanto qualificam como do Opus e da Maçonaria. Até posso testemunhar como um deles andou por aí a espalhar que eu era um obreiro de Escrivá... quando lhe convinha.

publicado por José Adelino Maltez às 14:02

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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