Passos diz que não há caso Bairrão que apenas foi dado como putativo, palavra equívoca que tem a ver como o que é susceptível de anulação, mas que, entretanto produz efeitos até à efetivação da anulação. Há quem diga que "putare" é só "pensar". Muitos outros se lembra da deusa romana da agricultura que presidia aos actos da poda.
O meu velho professor de direito romano, padre Sebastião Cruz, ilustre catedrático, que, num texto latino para publicação, usava várias vezes o verbo "puto, putas, putare", viu um diligente revisor substituir o equívoco por "mulher de mau porte". Com a explicação: "ainda por cima, com o senhor, ilustre sacerdote"!
Barraca vi-o eu dar na Estação de Santa Apolónia, quando, depois de o tratarem mal no PREC, ele decidiu imprecar directamente contra um ilustre político da altura, debruçando-se da janela com aquela adjectivação do vernáculo minhoto: "senhor professor, senhor professor...". E lá o conseguimos meter dentro da carrugaem. Por acaso, até estava a ser um pedacinho injusto. Mas com aquela coragem camiliana que levarei comigo para sempre.
Tenho o privilégio de ser por ele marcado como aluno aos 17 anos. E ainda guardo aí o último livro que ele ofereceu ao puto, já doutorado, com aquele saber de 2 000 alunos, ele que bem sabia ser eu um rapazito: "ao meu querido colega". De outros, e muitos, profes, não reza a minha história. Deste, até ao fim, "per omnnia saecula..."