Ouço Santana Castilho na SICN. Medito. Medito. Denuncia a opção pelo reforço da solução da directorocracia e da municipologia. Sente-se aterrorizado e denuncia a desonestidade política, com experiência própria. Tem a honradez de não entrar no rebanho elogiador do neoministerialismo. Por mim, são mais as coincidências do que que os acasos. Quase subscrevo tudo.
Eu, pessoalmente, não tenho razões de queixa. Nunca tive ilusões quanto a soluções ecléticas do "tudo ao molho e fé em Deus", no do pragamtismo do milagre de uma vitória eleitoral. Até porque já fui dirigido por quem agora nos sobredirige e reparei nas primeiras citações invocadas. Não uma, mas duas vezes. Até sei porquê. Já o experimentei, posso julgá-lo. É um erro básico de teoria.
Estou a referir-me a tudo. Sobretudo ao conservadorismo do programa do governo e à ilusão de venda do propagandismo de um só artista. A reforma só acontece quando houver correntes de ideias e equipas institucionais que queiram ir à estrutura. Essa do artista português era só para a pasta medicinal Couto.
António Sérgio e Leonardo Coimbra também foram ministros. Mas desses, do respectivo nível, estamo, não a milhas, mas a milhões de anos de luz.
Quer uma observação radical: este ministro veio da máquina. É a sua menina dos olhos lindos. Basta ver o currículo. E entender o conceito de máquina. Até burocrático-empresarial.
Julgo que desde a primeira hora e do primeiro minuto, o do programa Catroga que aqui e publicamente denunciei a opção, mesmo antes de Santana Castilho apresentar o respectivo livro e de Pedro prometer publicamente aproximar-se das críticas recebidas. A política educativa é fundamental e custa muito aos contribuintes para o mais do mesmo, à espera de voluntarismos e de políticas de imagem bem embrulhadas.
Os professores, as escolas, os alunos e as famílias têm sofrido demais para que politiqueiramente venham dizer que essas críticas são manias intelectuais de professores com más experiências com os políticos ou com guerrazinhas de homenzinhos com ambições. A coisa é bem mais funda. É carimbarmos como mudança um belo discurso de RGA, só porque ninguém tem a pachorra de construir uma alternativa do grão a grão, com os pés no chão e a cabeça no sonho. O problema não está no novo ministro e na sua equipa secretarial. O problema está nos velhos partidos que pensam que vão varar as Tormentas e chegar à Índia sem Escola de Sagres e sem Bartolomeus que morram tentando. A educação é coisa pública e requer uma política pública institucional, com ideia de obra, manifestações de comunhão e rigoroso cumprimentos dos pactos. Não se faz por decreto ou por "révolution d'en haut".
Isto não é um problema de pessoalismos e de protagonismos. É um problema colectivo. De correntes de pensamento. Que sejam bem mais fundas. Direi que é um problema de patriotismo científico.
Deus queira que me engane...