Deus queira que estes governantes possam passar por entre as pingas da chuva deste Verão, ou que. como bíblicos camelos, se esgueirem pelo buraco da agulha. Por mim, farei todos os esforços por encontrar a dita no presente palheiro do estado a que chegámos e entregá-la-ei a quem de direito.
O reino de Portugal não é uma "signoria". Constitucionalmente, sempre houve rei eleito! Até em dinastia havia quebra de escudos e nunca se praticou o chamado "rei morto, rei posto". Isto sempre foi uma república, mesmo com rei.
Finalmente um politicamante desjardinado: “por trás da maioria das declarações de João Jardim em relação ao continente reside quase sempre uma ameaça velada ou implícita de que se os governos centrais não satisfizerem as exigências da Madeira, então tudo pode acontecer... Inclusive a possibilidade da independência deste território insular” (um ministro, noutro heterónimo, o ortónimo).
Alguns caçadores de bruxas, julgam que a verdadeira preparação de um tipo para a ascensão ministerial passa por ele nunca antes ter falado com o abecedário da ruptura, só em politiquês quadrado e em adulação serôdia. Eu admiro ministros que tenham partido a loiça. Incluindo a das minhas crenças e das minhas perspectivas reformistas. Um burro não tem que mudar apenas para mula. Pode cavalgar, se a tanto ousar.
Sobre a tradicional técnica da caça às bruxas: "Não há mister audácia, nem inteligência, nem ciência – audácia porque o adversário não responde; inteligência, porque o adversário não corrige; ciência porque os únicos que podem corrigir estão sob um sigilo que lhes inibem a correcção" (Fernando Pessoa). Basta vivermos como pensamos, sem pensarmos muito como depois vamos viver.
Começam a levantar-se vozes na Alemanha para a instauração do "Deutsche Mark Partei". Estranho a defesa da moeda, paradoxalmente criada pelas entidades ocupantes do "Dritte Reich". Logo, tenho de sublinhar a neutralidade de Portugal, da Suécia e da Confederação Helvética. E recordar a colaboração recebida dos alemães para a instauração da nossa democracia. Tenho saudades desta Europa.
A nossa "sociedade de corte", bem capitaleira, já não é a "corte na aldeia"..."da roupa branca", nem o velho "pátio das cantigas". Vale a pena ler esta história, sobre os verdadeiros meandros mercantilistas do "estado a que chegámos"...
Um professora, há vinte anos na sua escolinha, conta na televisão como ela se fez, por acção de cooperação e voluntariado da comunidade do Outeirinho, onde o público foi verdadeiramente horizontal. Esqueceu-se da velha herança absolutista dos burocratas, para quem só é público o que vem de cima e à distância, a mando do senhor ninguém...
Alguma estupidez jacobina e revolucionária não entende que o mais público que há em Portugal vem do horizontalismo dos vizinhos, de baixo para cima. Os de cima confundem a legitimidade do título com a legitimidade do exercício e pensam que o público pode expropriar o essencial da herança do que é comum...
A herança efectivamente comunitária devria primar sobre o burocrático. Pelo menos, deveria ser sagrado o direito a ser ouvida. Se matarem o comum, asfixiam a política em nome do Estado. Odeio este Leviathan tecno-burrocrático! Faz lembrar a estadualização dos baldios e terras do povo...
Há determinadas luminárias que, olhando um qualquer relatório abstracto, concluiriam ser melhor encerrar a ilha do Corvo, pondo todos os seus habitantes num hotel de quatro estrelas. São os mesmos que concluiriam, naturalmente, pela inviabilidade e insustentabilidade da república dos portugueses. Esquecem-se apenas que quem resistiu aos piratas turcos foram os corvinos e não os ministeriais.
A democracia nem é assim tão cara. Mas lá se vai cerca de um sexto do chamado imposto extraordinário. Por isso temos de ser exigentes.