Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

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Subscrevo as denúncias de "um Estado pesado, que ainda tem gorduras para perder" (Relvas), marcado por um "registo centralista e macrocéfalo", aliado a um "Estado paralelo" (Passos). Resta saber se há "cérebro social", ou se conseguem calcificar os ossos, refazer os nervos e agilizar a musculatura. Leiam os decretos de Mouzinho e tenham uma ideia de Portugal.

O problema do Estado é que ele já é estadão, porque se diluiu nas teias de um Estado não paralelo, mas clandestino, os das teias de economia mística da subsidiocracia e da empregomania, onde uma casta de reformadores oficiais do dito, alimentados a contado, se transformaram em congreganistas e anticongreganistas que nos embaciam as lentes de contacto com a realidade.

Sou como o São Tomé. Só quando confirmar a revogação de certos contratos vitalícios de reformação é que começo a acreditar no regresso da inteligência.

A ideia de reforma administrativa, nascida do ministro da presidência, Marcello Caetano, nos anos cinquenta, gerou ainda mais maquinismos inúteis, como os ministros e secretários de estado da reforma do dito, da modernização da coisa e toda essa ciência da fotocópia e do copy and paste dos observatórios das políticas e do outsourcing que continuam a traduzir em calão revoluções e contra-revoluções perdidas...

Há quem ainda dedilhe para o "contenente" a que foi exportada para o Vanuatu e colonialmente paga pelo chefe aos chefes, até em reparação de caminhos.

 

Só quando há uma ideia, de experiência feita e de convicção talhada, é que se passa do idealista ao construtor. E o que nos falta são engenheiros de sonho. O tal de Mouzinho, por exemplo, era um tarimbeiro da magistratura e das alfândegas que sempre viveu como pensou, especialista na gestão de recursos escassos e habituado à persiganga. Sempre com o realismo de saber o que a máquina podia dar. E fez.

‎"Se cuidas que a popularidade é coisa diferente da justiça e da moral austera te enganas" (conselhos dados por Mouzinho ao seu sucessor na pasta da fazenda, José da Silva Carvalho; o reformador demitiu-se quando lhe mandaram fazer expropriações fora da legalidade que ele estabelecera, até em nome da guerra)

A reforma do Estado que precisávamos era a que nos livrasse da receita falahada do "ancien régime", mas sem que nos oferecesse a trafulhice de um pretenso "Estado Novo".

Dos 53 países europeus analisados pelo Relatório de Prevenção contra os Maus Tratos a Idosos, da Organização Mundial de Saúde, Portugal surge entre os cinco piores no tratamento aos mais velhos, juntamente com a Sérvia, Áustria, Israel e República da Macedónia: 39,4 por cento de idosos vítimas de abusos. Uma vergonha pior que a do "rating".

Sete em cada dez gregos acham que os seus sacrificios são em vão. Um aviso à navegação política doméstica.

Jacques Attali: “Não é regulando ou não regulando o problema grego ou português que vamos aqui chegar [ao federalismo europeu]”.

Trichet propõe uma “federação flexível” na qual haveria lugar para um novo cargo de governação, um ministro federal das Finanças na zona euro, mas – ressalvou – uma federação “muito diferente” do que são os Estados Unidos. Coisa que não seria para amanhã, mas para depois de amanhã.

As mulheres, as quotas, que defendo, e a revolução cultural que não se faz por decreto.

publicado por José Adelino Maltez às 21:25

Subscrevo as denúncias de "um Estado pesado, que ainda tem gorduras para perder" (Relvas), marcado por um "registo centralista e macrocéfalo", aliado a um "Estado paralelo" (Passos). Resta saber se há "cérebro social", ou se conseguem calcificar os ossos, refazer os nervos e agilizar a musculatura. Leiam os decretos de Mouzinho e tenham uma ideia de Portugal.

 

O problema do Estado é que ele já é estadão, porque se diluiu nas teias de um Estado não paralelo, mas clandestino, os das teias de economia mística da subsidiocracia e da empregomania, onde uma casta de reformadores oficiais do dito, alimentados a contado, se transformaram em congreganistas e anticongreganistas que nos embaciam as lentes de contacto com a realidade.

 

Sou como o São Tomé. Só quando confirmar a revogação de certos contratos vitalícios de reformação é que começo a acreditar no regresso da inteligência.

 

A ideia de reforma administrativa, nascida do ministro da presidência, Marcello Caetano, nos anos cinquenta, gerou ainda mais maquinismos inúteis, como os ministros e secretários de estado da reforma do dito, da modernização da coisa e toda essa ciência da fotocópia e do copy and paste dos observatórios das políticas e do outsourcing que continuam a traduzir em calão revoluções e contra-revoluções perdidas...

 

Há quem ainda dedilhe para o "contenente" a que foi exportada para o Vanuatu e colonialmente paga pelo chefe aos chefes, até em reparação de caminhos.

 

Só quando há uma ideia, de experiência feita e de convicção talhada, é que se passa do idealista ao construtor. E o que nos falta são engenheiros de sonho. O tal de Mouzinho, por exemplo, era um tarimbeiro da magistratura e das alfândegas que sempre viveu como pensou, especialista na gestão de recursos escassos e habituado à persiganga. Sempre com o realismo de saber o que a máquina podia dar. E fez.

 

O Mouzinho bem sabia que tinha de pagar os empréstimos agenciados por Mendizabal. Levava sempre a lista com ele. Eram os empréstimos de guerra, bem dolorosos. Já então, a história de Portugal era a história do défice. E a reforma do Estado era mesmo para poupar.

 

 ‎"Se cuidas que a popularidade é coisa diferente da justiça e da moral austera te enganas" (conselhos dados por Mouzinho ao seu sucessor na pasta da fazenda, José da Silva Carvalho; o reformador demitiu-se quando lhe mandaram fazer expropriações fora da legalidade que ele estabelecera, até em nome da guerra).

 

 

A reforma do Estado que precisávamos era a que nos livrasse da receita falahada do "ancien régime", mas sem que nos oferecesse a trafulhice de um pretenso "Estado Novo".

publicado por José Adelino Maltez às 18:19

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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