O Ministério da Justiça tem 15 mil viaturas e 1100 imóveis e paga anualmente 38 milhões de euros de rendas. Acrescem 27 mil funcionários, 30 mil computadores. Logo, irá «procurar centralizar a gestão, impondo racionalidade e economia de custos» nas áreas em que isso for possível. Ora aí está uma bom pontapé de saída para Fernando Santo. Cartesianismo é preciso. Antes de chegar Pascal.
Faz bem às crenças ouvir o Viriato Soromenho Marques. Reforça a fé kantiana na república universal, com a pátria a ajudar.
Adorei ouvir o português de Zedu, saudando a senhora Merkel em São Paulo de Luanda, a propósito de equipamentos electromecânicos. Tal como notei a vivacidade do debate no parlamento de Londres. Um bom governo precisa de melhor oposição. Por cá, continua o encanar da perna à rã.
Agora é Fitsch. Ontem foi a Moody's e o conselho nacional do PSD. O meu velho professor de finanças, Teixeira Ribeiro, nunca nos explicou como é que as agências de "rating" classificaram a Alemanha depois da capitulação do Reich, a França de Vichy ou o Reino Unido do sangue, suor e lágrimas.
Os habituais jogos florais sobre o sexo dos anjos. Tanto do glosador como do glosado.
"A Europa parece estar, no entanto, num beco sem saída. Se não se realizar uma cimeira esta sexta-feira, poderá haver um impacto fortemente negativo nos mercados. Mas se o encontro se realizar e não surgirem decisões claras, os efeitos podem ser ainda piores." Peça da Reuters/Público, último parágrafo. "No comments"
Crise vem do grego "krisis", um nome equívoco, que tanto quer dizer acção de separar, de romper, como acto de julgar, de distinguir o bem do mal, ou o falso do verdadeiro. Por enquanto ainda estamos no julgar (kritérion), na crítica, e não ainda na ruptura. E não me parece que venha aí, depois de amanhã, a decisão fundamental sobre a vida ou a morte, da medicina, ou sobre a vitória ou a derrota, da estratégia. Política não é operação de guerra nem mera cirurgia. É mais decisão de cidadania (krinein) do que lancetamento da governação (kratein). O velho Aristóteles ainda ajuda.
Cá não havia banqueiros. Só a partir de 1808, mas no Brasil. O primeiro, da Lusitânia, é só depois do vintismo. As coisas mais próximas eram os judeus. Viu-se o efeito.
Já repararam que antes de Passos, de Seguro e de Assis, Portas e Sócrates se tinham iniciado na JSD. Tal como Soares no MUD juvenil, Barroso no MRPP, Santana no MID ou Guterres na JUC. Sempre preferi gente desta a tipos que só foram para a política na pretensa maturidade da tecnocracia ou da conveniência de gabinete. Sem paradoxo, não há liberdade.
Não é por acaso que todos estamos enredados pela cultura de afectos dos chamados "jotas" e pelo respectivo pragmatismo, em termos de "agenda setting", quando o "homo partidarius" decidiu demonstrar que se sente peixe na água dos aquários aparelhísticos, já abandonados pelos anteriores maoístas das lutas académicas do tempo do fascismo e dos febrões do PREC!
Claro que há tribos de direita e tribos de esquerda, mas a de direita são feitas de antigas esquerdas e as de esquerda, de antigas direitas. Sempre foi assim desde que há direitas e esquerdas. Por isso é que convém actualizar os nossos divisionismos na era do pós-cavaquismo, pós-guterrismo e pós-socratismo.
Como é que alguém pode distinguir o PS do PPD ou do CDS, utilizando o critério ideológico da desgraça socialista? Entre um socialista democrático, um social-democrata e um social-dito-cristão, todos praticando o liberalismo a retalho e o estatismo por grosso, nem os anjos podem escolher...
Juntem uma centena de militantes partidários de hoje, recolhidos aleatoriamente entre pêpêdês, pê-esses e cê-dê-esses. Tirem-lhes os rótulos e os ódios recíprocos e obriguem-nos a pensar pelas próprias cabeças. É tudo da mesma massa e ficam indiferenciados se lhes tirarem a chama vivificadora de alinharem com um qualquer governo vigente. Só os parvos acreditam no messias da vitória, com a repulsa dos vencidos.
Com o colosso de Rodes, começou o desfile das velhas sete maravilhas do mundo antigo, talvez em homenagem à crise grega da dívida soberana. A procissão entrou agora no adro. Seguem-se cenas dos próximos esqueletos, tirados do armário
Não há pior dogmatismo do que aquele que diz, agora, que é antidogmático relativamente a certa crença que já teve, assim a despachando como passível de fogueira, com a mesma sanha de radicalismo pretensamente anti-radical. Infelizmente, continua a fulminar de forma intolerante, com um simples "ismo". tudo aquilo que declara inimigo. Detesto a inquisição serôdia.
O pior é quando, dizendo que já deu para esse peditório, utilizar uma palavra onde o nome que dá não corresponde à coisa nomeada por muitos outros que continuam a utilizar a mesma palavra. É que quase todas as palavras mobilizadoras têm esta equivocidade. Felizmente.