Não conheço nenhuma boa ideia que não tivesse gerado sistemas de fanatismo, intolerância e ignorância, com o consequente terrorismo. Ontem foi um conservador, cristão, adepto da caça e de jogos de computador, solteiro, director da quinta biológica, maçon, nacionalista e verdadeiro norueguês. Cada um pode escolher o seu fantasma para continuar em preconceito.
O poder, de vez em quando, fica nu. Fica sem concha e sem enfeite, isto é, fora da bainha. Foi o poder dos controleiros dos mercados. É a pressão descarada dos grupos de pressão internos, procurando influenciar certas decisões políticas. E o máximo de poder fáctico: a violência do terrorismo. Tudo sinais de vazio de política.
Nós inventámos a política para deixarmos de ter donos. Infelizmente, vão chamando políticos aos que actuam como verdadeiros inimigos da política. Aos que compram o poder. Aos senhores feudais. E aos senhores da guerra.
E quem assassinou D. João VI? Ainda não sabemos. Como não sabemos de D. Carlos, de Sidónio, de Granjo, de Machado Santos, ou até do autor moral do assassinato de Delgado.
Cada um desculpa-se sempre com o outro, fica entretido com a sua teoria da conspiração e deixa que eles, os assassinos, continuem à solta, até que o crime prescreva.
Os verdadeiros terroristas e assassinos, depois de matarem, dedicam-se a produzir informação e estórias a que chamam história.
Por estes dias, certos candidatos franceses são acusados em França de origem norueguesa. Tal como certos alemães denunciavam o nome norueguês de Willy Brandt. Por cá, também podia dar alguns exemplos, de ataques a Bernardino Machado ou a Dieter Schroeder, vindos da direita ou da esquerda. Mas em França, é hoje.
Por isso, essa de atirarmos pedradas, é má conselheira, sobretudo no país que no século XX foi o campeão dos magnicídios na Europa, de 1908 a 1965.
Até não nos damos conta que o presente regime, este, o nosso, é o que menos sangue provocou em toda a nossa história. Convinha conservar esta faceta e reforçá-la.
São mitos urbanos. Como os comunistas comerem criancinhas e de os jesuítas fazerem o mesmo. Conheço outras coisa bem mais reais, como os totalitarismos do século XX e as violências policiais, legalmente protegidas, da polícia política do autoritarismo salazarista.
Aliás, as sucessivas traduções em calão sobre a Noruega e as suas tradições, com que, muitos vão debitando informações, revelam como se perderam aqueles olhares antropológicos que nos davam universalismo. Quem confunde nomes com coisas nomeadas, até tudo pode explicar com a monarquia e a fé cristã obrigatória dos respectivos 20 000 maçons, do rito sueco, cuja lista é publicamente disponível.