O primeiro mês de vida deste dito novo ciclo já permite concluir que muito do que é novo não é original e só parte minoritária do dito original ficará para além da nota de pé de página da história. Primeiro, tornou-se patente que muitos dos factores de poder em gestão já não são intra-nacionais, ou domésticos, especialmente quando a balança da Europa nos condenou à gestão de dependências e à nebulosa navegação na interdependência dos mercados e das moedas. Segundo, porque no plano interno, os velhos poderes fácticos revelam como estão agressivas as ditas forças vivas do condicionamento económico e comunicacional que têm proibido o primado do poder político. Terceiro, porque continua a notar-se a enorme distância que vai entre aquilo que se proclama, sobretudo em campanhas eleitorais, e aquilo que se pratica, nomeadamente em matéria fiscal. Talvez porque ainda não tivesse sido superado o interregno de liderança no principal partido da oposição, e talvez porque a coligação do PSD e do CDS ainda não superasse o pecado original do Bloco Central. Com os socialistas, finalmente pós-socráticos, talvez haja condições para que o governo possa ser pós-cavaquista, para que acabe a governança sem governo, em tradicional regime de pilotagem automática.