Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

14
Set 11

Uma ilustre personalidade do nosso sistema denunciou ontem que "há um Estado dentro do Estado que funciona totalmente à margem da legalidade, com autonomia total, e sem que ninguém ponha ordem na casa". Ele costuma participar no teatro. Apenas faz um acrescento à acta, dizendo que tem dúvidas. Todos o adoram. Faz uma coisa e diz o seu contrário.

 

Claro que nenhum deputado fará ao senhor PM uma só pergunta sobre a matéria. Bastará percorrer os "curricula" dos ilustres e confirmar que os mesmos preferem ornar-se com o título dos convites que costumam receber para o festim para que não digam nada, ao lado de outros tantos jubilados, aposentados e reformados que assim brincam ao pretenso "numerus clausus" e sucessivas avaliações e aconselhações de frei tomás...

publicado por José Adelino Maltez às 08:51

13
Set 11

Estou a pensar em reforma autárquica: o concelho de Odemira tem 1 719,73 km² de área e 26 104 habitantes. Quase a área do distrito de Viana do Castelo, já sem governador-civil, mas ainda com círculo eleitoral, que é 2 255 km² para 250 390 habitantes. Depois há o concelho de Barcelos com 378,7 km² de área, 89 freguesias e 124 576 habitantes. Só uma destas, a da sede do concelho, tem 5 213 habitantes...

 

Cuidado com as folhas Excel e os mapas. Isto vai dos celtas aos tartessos...

 

Um quintal do Minho pode ser maior do que um latifúndio no Alentejo, em Beja pode cair tanta chuva por ano como em Paris e no Porto mais do que em Londres. Infelizmente São Pedro não inventou o gota a gota, pingando no Verão. Por isso é que muitos dos investimentos ingrícolas dos estrangeiros comunitários dos fundos perdidos dão sempre em alface, sobretudo nas terras transtaganas, apesar de primoministeriais inaugurações...

 

Por alguma razão D. Sebastião tentou Marrocos. Tinha mais solo arável para trigo...

 

A régua, o esquadro e o mapa fizeram as ainda actuais fronteiras africanas, na conferência de...Berlim...

 

Agora não é de cima para baixo, é passeando a centralização pelos hotéis centros de congressos de província... não são estes partidos que ainda estão divididos em comissões "distritais", isto é, visando a conquista eleitoral com os seus mapas mentais que dizem que o país são eles e o resto é paisagem? O PSD até acabou com os governadores-civis de distrito com aplauso dos habituais paraquedistas distritalistas da quota do chefe, copiando o PS, para o CDS copiar os dois...

 

Se matarmos os autarcas eleitos em nome da engenharia troikiana e deixarmos que as regiões autónomas sejam odiadas pela maioria dos portugueses não regionalizados, liquidaremos as principais conquistas da democracia abrileira, aquelas que assentaram mais nas acções dos homens e menos nas boas ou más intenções programáticas dos planeadores do estadão que nos levaram ao desastre da falta de confiança pública.

 

Uma democracia sem raízes democráticas locais é massa informe que os tecnocratas talharão conforme as ordens dos consultores das organizações internacionais e que nos vendem produtos requentados que tanto aplicam à Coreia como à Patagónia... São todos fabricados nos mesmos hipermercados universitários das consultadorias desastrosas que, querendo civilizar-nos, nos farão primitivos actuais...

publicado por José Adelino Maltez às 14:15

Portugal "não é uma ilha" e por isso mesmo o que se está a passar dentro das fronteiras da União Europeia pode "complicar" a vida ao país, disse hoje o nosso Primeiro no fundão do interior continental. Não somos ilha, mas somos onze ilhas habitadas. Se chegássemos à dúzia não era mal lembrado. Talvez saísse tudo pelo mais barato, com direito a "jack" mais "pote".

 

Na contabilidade não quis incluir as Berlengas, os Farilhões, as Desertas, as Selvagens, o Pessegueiro, as algarvias, ou o Bugio. Mas gostava de invocar a Jangada de Pedra, o renascimento da Atlântida e, sobretudo, a Ilha Encantada...

 

Perante a parangona do JNegócios, sobre o interesse de uma empresa francesa nos nossos transportes para o público, chegou-me às mãos um vigoroso protesto dos produtores nacionais de asininos e muares: não querem que abdiquemos dos verdadeiros centros de decisão nacionais

 

publicado por José Adelino Maltez às 12:11

12
Set 11

Passos Coelho admitiu hoje que as autarquias têm sido muitas vezes “bastante mais eficientes a cuidar do dinheiro público” do que a administração central. Tem toda a razão. Elas fazem tão bem quanto as IPSS e as misericórdias. Logo, extinga-se tudo quanto é ministerial e passemos tudo a autarquias, para que, em nova extinção, decretada por outros centros, se atinja o nível da misericórdia, desde que esta não seja como a santa casa, isto é, uma secção do centro a jogar à lotaria.

 

Deus, não, é o máximo de administração central. Como sou conciliarista, prefiro os anjinhos, ainda não decaídos.

 

Atendendo a que há 4.260 freguesias e apenas 308 autarquias municipais, para além de 2 governos regionais e 1 governo central, com mais de 500 capelinhas, e porque a modernidade impõe o fim dos governos territoriais, determinamos: ficam extintas todas as freguesias e todos os governos regionais e centrais, devendo todos os cidadãos escolher livremente, até ao dia de são nunca mais, uma das 250 autarquias únicas a que os reduzimos. Paços da Troika, assinaturas ilegíveis em alemão.

 

Este foi um dos pontos da agenda secreta de Merkel com Barroso. Uma espécie de contrapartidas para o submergível dos eurobondes. Infelizmente, as secretas de Bruxelas, hackerizadas, acabaram por informar os que levaram a mais uma segunda-feira negra nas bolsas.

publicado por José Adelino Maltez às 18:23

Miguel Relvas, em directo nas televisões por cabo, anuncia que iniciou a reforma do Estado, em nome do municipalismo. Ainda não explicou foi a águia de duas cabeças que faz depender o secretário da administração pública de outro ministro. Ou será apenas música celestial em dó menor, longe do Terreiro do Paço e das arcadas das finanças?

 

Miguel Relvas encarna bem aquilo que, na 1ª República, se dizia de certa personalidade política: eis o ministro da província!

publicado por José Adelino Maltez às 12:20

11
Set 11

Assisto às cerimónias do 10º aniversário do 11 de Setembro, com Bush e Obama. Ambos rivalizam em citações da Bíblia. Ao contrário do que dizia o Abade Barruel, isto só acontece na república mais maçónica do mundo. Sua Santidade, o Papa, tem pena que ambos sejam protestantes e lamenta que os seus democratas cristãos da Europa não usem do sagrado no profano. Ainda não atingiram a dimensão do pós-secular, defendida por Habermas.

 

O que seria de nós se a Maria de Belém invocasse o Evangelho de João no Congresso do PS? Ou se Passos Coelho citasse as Constituições de Anderson numa conversa em família? Até Fernando Rosas e Bagão Félix fariam uma conferência de imprensa em protesto. Eu prefiro que Lenine continue a ser invocado na Festa do Avante e que se continue a cantar o 13 de Maio nas peregrinações de Fátima. Sou pela invocação quotidiana do mais além, até na política.

 

publicado por José Adelino Maltez às 13:49

Leio, com tristeza, a proposta de regresso à estrela na identificação dos eus colectivos, proposto pelo comissário euro-cristão alemão, para que “as bandeiras dos pecadores da dívida" possam ser "colocadas a meia haste nos edifícios da União Europeia”. Daí que eu apoie Asia Bibi. Também não advogo que se identifiquem outros como puníveis pela blasfémia, usando a gamada ou a foice e o martelo.

 

Espero que Zé Manuel Barroso tenha sido suficientemente ex-maoísta na reprimenda que certamente deu ao seu colega de multinacional partidária...

 

Já agora...os países da UE que não são do euro, não deviam ter direito a haste, só pano embrulhado...com um fio de navalha.

 

E quando a Alemanha não cumpriu o défice, na convergência de Maastricht, será que ficou com metade do pano, com que se assoou...

 

O mais preocupante não é o que disse Gunther Oettinger, porque o que ele diz, como politiqueiro, será sempre igual ao que ele desdisser. O pior é que ele disse em voz alta o que amplas zonas sociológicas sentem e quer galgar a onda de uma ideia darwinista da presenta selva, a que só falta o regresso aos muros pretensamente separadores...É mesmo preocupante começarem a dizer em voz alta o que muitos calam, neste populismo hipócrita dos pretensos ricos e ortodoxos. Assim, como é que a Europa pode falar ao mundo se nem sequer consegue a harmonia interna!

 

Como português, os meus interesses nacionais, libertos da ideologia, só me dizem uma coisa: que eles sejam imediatamente derrotados pela via eleitoral!

 

Nisto de partidos na política internacional, sou muito pragmático: se os monárquicos alienígenas me invadirem, inscrevo-me logo no partido republicano e se só os comunistas fizerem resistência, passo a "partisan".

 

publicado por José Adelino Maltez às 13:45

09
Set 11

A incerteza da nova geopolítica do euro mandou extinguir autarquias e o ministro das ditas que, segundo a nova orgânica governamental não coincide com o ministro da administração pública, decidiu acabar com muitos chefes, mas sem dizer que vai fazer dos índios. Uma questão de heteronomia do estadão, onde há quem faça sermões de propaganda e quem ainda não saiba como vai administrar a reserva dos índios. Nem Frei Tomás o poderá pregar aos peixes.

 

Convinha dizer que só depois de Abril passámos a ter autarcas mais directamente eleitos do que os senhores ministros que são sempre ajudantes dos primeiros-ministros, indirectamente eleitos.

 

Essa treta da lista de extinção de organismos, empresas estaduais e fundações isentas de imposto, porque obedece ao princípio dos vasos comunicantes, só ilusoriamente comprime o aparelho de poder. Ainda não começaram a discutir o essencial: a efectiva devolução de poderes às comunidades, à semelhança do que começaram a fazer nas zonas das IPSS, das escolas ditas privadas, e das misericórdias...

 

Para acabar com o monstro estadualista, o tal cão de guarda da propriedade, alimentado a impostos, importa fazer o mais difícil: devolver poderes e propriedades aos indivíduos, às famílias e aos outros grupos que são constituídos de baixo para cima, sem os confundirem com os grupos de pressão que se dizem sociedade civil, partidos ou sindicatos e que dizem representar a sociedade civil.

 

publicado por José Adelino Maltez às 20:45

O socialismo abrileiro, ou a social-democracia da mesma família, deu-nos adequados seguros sociais que permitiram democratizar a propriedade, ter seguros sociais que libertaram a pessoa da necessidade, mas também nos transformaram em servos da gleba hipotecária e feudatários dos ministérios da educação.

publicado por José Adelino Maltez às 20:45

O Portugal de Abril, para cerca de um milhão de eleitores que não é de esquerda nem de direita e, manhosamente, vai votando no PS e no PSD, sempre significou crédito bonificado para a compra de uma casita, permitir que os filhos pudessem ser dôtores, dar uma volta saloia com o carrito, reforma garantida e hospital em condições em caso de azar. O que era bom ameaça acabar e o voto, do mesmo modo.

 

A vantagem de Abril são os muitos pedaços de que ele foi sendo feito. Foi ir-se fazendo no caminhar por caminhar. E se apenas restar a liberdade já é muito mais do que dantes. Pelo menos, é melhor.

publicado por José Adelino Maltez às 20:43

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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