Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

30
Nov 11

O bom e velho Estado apenas pode ser estudado pela clássica politologia lusitana da Arte de Furtar, anonimamente editada em 1652.

 

É a voz de um dono oculto que diz distribuir o que não é dele e vai sempre prometendo o que sabe não poder cumprir.

 

Um desarticulado centro onde desaguam ordens de compra e venda de poder, iludido pela publicidade enganosa dos mercados eleitorais, a partir dos quais fica sitiado pelos curtos-circuitos da cunha, do clientelismo e do sectarismo, sempre em nome do respeitinho pelo poderio dos poderosos.

publicado por José Adelino Maltez às 12:22

As instituições, sim, as instituições, essas coisas que já eram, sem ideias de obra, sem manifestações de comunhão, mas onde não faltam regulamentos e interpretações hierárquicas de regulamentos segundo as ordens da vaidade que reforçam o arbítrio, essa formidável rede das pequenas chefias que se medem pela extensão dos tapetes e pelo volume dos sofás.

 

Para que o arbítrio gere o clientelismo e a incerteza promova o servilismo e a cunha, para que todos dobrem a espinhela, diante do caseiro e do capataz. Sim, senhor ex-ministro, senhor director para sempre, vossa senhoria e sua insolência sois meu seguro para a prestação da casinha, a renda da viatura e a factura do colégio.

 

Sim, minha senhoria, tenho medo, tenho medo, de faltar-te ao respeitinho e perdi respeito por mim mesmo. Sou um vendido ao esquema da sobrevivência e apenas espero a hora da vindicta.

 

O neofeudalismo desta anarquia ordenada é a principal causa tanto do ódio como da permanente greve geral de zelo em que todos vão fingindo trabalhar.

 

A ideologia dominante em Porugal é a do comunismo burocrático, onde manda o senhor ninguém e a respectiva concubina, a senhora dona culpa, a que morre sempre solteira.

 

Somos, cada vez mais, uma sociedade de porcos-espinhos onde resta a soberania do salve-se quem puder e apenas resta a esperança de, enquanto o pau vai e vem, folgarem as costas.

 

A voz de cada um é cada vez mais irrelevante e nem conseguimos federar essas reservas em termos de mobilização daquilo a que os republicanos chamaram alma nacional.

 

Nem sequer temos a consolação de sabermos que o poder dos sem poder vale tanto quanto o poderio dos poderosos. Ambos são gota de água que vai com a corrente que não sabemos de onde virá.

 

Entre paus mandados e testas de ferro, não se vislumbram improvisos nem desgarradas que conjuguem a urgente libertação da esperança. Os económicos e financistas já demonstraram que D. Sebastião não pode regressar.

 

O máximo de desorganização do trabalho nacional expressa-se no falhanço do processo de selecção nacional que levam a cabo os monopolistas da representação nacional que gerem as alavancas do Estado-aparelho de poder.

 

A falta de organização do trabalho nacional (expressão de Ezequiel Campos) gerou uma rede de sucessivas ditaduras da incompetência, por falta de vocações e preparações, que transformaram o que deviam ser lugares de trabalho em postos de vencimento, com livros de ponto registando corpos presentes.

 

Somos subgovernados por uma casta de gente cunhada e subsidiodependente, especialista no saca-rolhas da engenharia do financismo, do crédito mal parado e dos fundos e afundações que nos tramaram a igualdade de oportunidades e a meritocracia, sem as quais não há justiça

publicado por José Adelino Maltez às 10:25

29
Nov 11

As novas da Europa demonstram como a táctica das agências da ratação resulta. O último a ficar com o queijo do triplo A pode ser o único a ficar com o euro. Ou então, voltar ao "Deutsche Mark", a moeda inventada pela ocupação norte-americana. Por cá, já se estuda o regresso aos "reis", como compensação face à eliminação dos feriados soberanos do 5 de Outubro e 1 de Dezembro. Há quem proponha o "pataco", por causa do bacalhau.

publicado por José Adelino Maltez às 10:31

Depois de Freitas do Amaral denunciar a ditadura e de Mário Soares prognosticar a revolução, apenas houve revolta dos deputados do PS, e contra o diálogo profícuo. Isto é, os jogos florais do ex-actor Otelo não passam de tímido esguicho verbal de um venerando septuagenário vestido de anjinho papudo.

publicado por José Adelino Maltez às 10:31

O vírus da raiva ameaça regressar. Hackers continuam a fazer sucessivos golpes de Maria da Fonte contra bases de dados estaduais, enquanto matilhas de cães esfaimados, ditos vadios, lançam terror selvático no Nordeste da Terra Quente. O bom e velho Estado parece estar em crise.

publicado por José Adelino Maltez às 10:30

O casal Merkozy ainda não percebeu que Portugal é o país com mais feriados no mundo, tal como todos os outros Estados da CPLP. Basta atentarmos na designação dos dias da semana, dado que conservamos a determinação vaticana que mandou substituir os nomes pagãos pelo termo "feria", dito agora feira, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª, o que quer dizer "festa", embora litúrgica, isto é, feriado. Qual dia da lua, dia de marte e outras tretas. Sempre fomos mais papistas que o papa, em matéria de feriados.

publicado por José Adelino Maltez às 10:30

Quando ilustres patifes persistem em fazer, dos sacristas, meros inocentes úteis, importa confessar que continuo a preferir a heresia, porque tanto rejeito a santidade da inquisição como o seu sucedâneo, a passadista ministerialização em música celestial. Os rebeldes e heterodoxos são bem mais fiéis que os do feitiço hierarquista. Ficai sabendo que digo não, por dentro. Entre os portugueses, alguns traidores houve, algumas vezes.

publicado por José Adelino Maltez às 10:30

Li a entrevista de Mário Soares ao "i". E já vi reacções bem eriçadas. Eu apenas notei a respectiva definição de neoliberalismo que fará obviamente parte de todos os tratados ideológicos: é a ideologia que une a Internacional Socialista com o PPE de hoje. Como os liberais de sempre não fazem parte dessas duas famílias, mais não posso do que saudar esta criatividade do neo-socialismo que o meu presidente de sempre manifestou.

publicado por José Adelino Maltez às 10:29

A desgraça neoliberal começou em Portugal no ano de 1984, quando com Mário Soares se revogou o DL nº 41 204 que estabelecia margens de lucro máximas, repetindo uma atitude oriunda de legislação de 1922 e que nos tornava um caso único a nível da OCDE. Por acaso, fui um dos membros do grupo de trabalho que esteve na base dessa revogação dos chamados lucros ilícitos que já todos sabiam defraudar. Muito me orgulho dessa missão bastante liberal que socialistas e sociais-democratas, em boa hora, subscreveram.

publicado por José Adelino Maltez às 10:29

28
Nov 11

Espero que a política não atinja os níveis de violência incendiária da futebolística, mas não posso deixar de dizer que conheci ilustre figura da nossa paisagem que cultivava claques e jagunços, a que chamava "a minha gente" e que ainda hoje coloca em degraus, cadeiras e portarias, para lhe fazerem o trabalho sujo, entre angariaremos e pequenos escribas de intriga e de injúria.

publicado por José Adelino Maltez às 10:34

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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