Quem peregrina o país profundo, o das freguesias rurais e do país dos municípios, compreende a estupidez da desorganização do trabalho nacional, entre burocratas, políticos e jotas do concentracionarismo que não conseguem mobilizar o que há de melhor entre professores, empresários, jornalistas, padres, juristas médicos, militares e outras elites, no activo ou na aposentação, postas à margem pela ditadura da incompetência que serve de correia de transmissão aos chefes que consideram Portugal a capital onde se assentam e decretam o resto como paisagem.
O país quer ser governado pelo país, longe desta formidável rede de betão, cunhas, facilitadores de empréstimos bancários e outras loisas que gerou aquilo a que chamamos regime, onde muitos deslumbrados continuam a exibir as habituais sentenças de café, ao ritmo de RGA, pelas quai vamos finalmente salvar Portugal, a Europa e a Humanidade, enquanto no íntimo todos as piram por um lugar à sombra de pequenos césares de multidões do micro-autoritarismo sub-estatal.
O Portugal profundo, a província, etimologicamente, as partes conquistas, do magistrado romano que vinha pro vincere, está farta de ser laboratório das manobras eleitorais das jantaradas, dos congressos, das visitas dos queridos líderes, dos passeios do venerando chefe de estado, ou das inaugurações de sua excelência o primeiro ou o segundo ministro. Está farta da aliança de patos bravos, delegados de propaganda médica, dirigentes desportivos, jotas e seus oleadutos autárquicos.
Há que destruir a máquina invertebrada do senhor ninguém que todos os dias vai transformando em servidão o que outrora foram laços de afecto comunitário. Há todo um estadão paralelo de bufos, agentes intelectuários e honoríficos do penduricalho, bem como de pretensas oposições compradas pela mesa do orçamento que vão reproduzindo-se em encómios a quem não sai de cima, mas também já não sabe como criar. São eles que reprimem, coitados, só porque temem a inevitável revolta dos oprimidos.