Circula na net a lista das cerca de oito dezenas de assessores de gabinetes ministeriais que são incluídas no sítio das nomeações. Não escandalizam. Seria mais útil percorrer o último Povo Livre que publicou os nomes inteiros dos delegados ao congresso do partido e cruzá-lo com todas as noemações e ascensões em todos os aparelhos do favor do estadão. Juntem-lhe os do CDS, comparem com os que também ascenderam do mesmo modo no PS e façam o cúmulo de décadas de "spoil system". Não chega. São bem menos fáceis de detectar os rastos de favoritismo nas universidades, nas empresas de regime e nos contratados. É meio mundo ao serviço doutro em feudalismo, o desta ditadura da incompetência.
Os irmãos-inimigos (no Diário Económico de hoje): Porque Sócrates e Passos, substancialmente, não existem, dado que não passam de meros adjectivos de uma enferrujada canalização representativa, qualquer cenarização retrospectiva apenas confirmaria que a ordem dos factores eleitorais apenas mostra como não passam de irmãos-inimigos de um mais amplo situacionismo. Porque, no princípio, está a troika e o que nos conduziu ao presente modelo de protectorado, isto é, o cavaquismo, o guterrismo e o socratismo, essa gestão de dependências de uma governança sem governo, em avariada pilotagem automática, com a consequente rede invertebrada de um senhor ninguém, o que nos continua a tornar servos de uma gleba hipotecária, sem a vontade de sermos independentes, pelo culto dos laços de afecto comunitário que nos davam república. O país deve libertar-se e passar a ser governado pelo país. Está farto de ser laboratório das manobras eleitorais das jantaradas, dos congressos, das visitas dos queridos líderes, dos passeios do venerando chefe de estado, ou das inaugurações de sua excelência o primeiro ou o segundo ministro. Está farto da aliança de patos bravos, delegados de propaganda médica, dirigentes desportivos, jotas e seus oleodutos autárquicos.
No ano que agora finda, cem mil portugueses foram desta para melhor ficando neste mundo. No ano que aí vem, dos que cá ficaram, segundo as previsões, haverá uma baixa de 5,4% na remuneração. Já entrámos no Guiness da música celestial.
Há um tempo de feliz e funda nostalgia, a da família e a da pátria, do sentir-me vivo e livremente preso aos que amo e que me amam. Porque é elevar o comum da coisa amada a um transcendente situado, a que todos os homens têm direito. Tão comum e tão metafísico quanto aquilo que sentem todos os que pensam o sentimento dos laços afectivos que nos enraízam. Por isso me dói a alegria de hoje estar feliz, sobretudo quando se sente cada momento como se fosse o último. Uma funda e feliz nostalgia daquilo que alguns qualificam como lirismo e português. Como sempre e para sempre.