Aí está, novo governo, já inteirinho. Menos meia dúzia, em quantidade, que no anterior. Quase o mesmo em qualidade. Excelentes currículos na minoria, óptimos activismos partidocráticos e empresariais na maioria. Naturalmente, vão, muitos, esta noite alterar o “facebook”, para que não fiquem ligados a "interesses" como o "nespresso" e o respectivo líder...
Há um núcleo duro de grande qualidade, como nunca deixou de existir, até com Sócrates, mas torna-se evidente a nossa falha na formação de elites de Estado, principalmente em grandes escolas de quadros dos próprios partidos. Nada de novo nesta frente da direita. Está tão cinzenta como a revogada frente de esquerda.
Convém insistir que, no anterior governo de Sócrates, havia uma dúzia de cidadãos de idêntica dimensão e que até conseguiram não perder a autenticidade. Mas ainda bem que há quem tenha a coragem de arriscar no serviço público. Temo que, depois da mobilização do estado de graça, as promessas sejam vencidas pela habitual força da inércia, como já se tornou patente com o número e na estrutura da novamente velha governança. Só há instituições com prévias ideias de obra e estas precisam de ser previamente trabalhadas com fé e humilde estudo.
Esperemos que os chefes deste governo sejam mais como o Paulo Bento. Entrem logo a jogar no risco, sem prévio treino. Para que voltemos a ter equipa de todos nós. Até porque, infelizmente, estamos muito dependentes dos jogos dos outros.
É evidente que não é das rápidas análises das autocontemplações curriculares que podemos fazer adequada avaliação no imediato. Vai ser mais interessante o escrutínio a que irão estar sujeitos. Especialmente por parte de opositores que sofreram esse tipo de exame e que moverão intensamente o bisturi da informação privilegiada para a adequada vindicta...
Mas os pesquisadores de perfis ainda não identificaram coisas tão sublimes como a da eventual pertença dos nomeados a entidades místicas como as igrejas protestantes, as obediências maçónicas, o sionismo, as irmandades católicas, as associações recreativas, os anteriores entusiasmos maoístas ou a posição que muitos tomaram no anterior referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. Da mesma forma, seria imperioso elencar os que são indefectíveis de Pinto da Costa, quantos torcem pelo glorioso e os eventuais sócios da Briosa. Os cartões laranjas e portistas não chegam!
Há, aliás, maçons, de várias obediências maçónicas, que são deputados e ex-deputados, bem como entre actuais e ex-governantes. Mas há muitos outros, que estão de fora e que se celebrizam por declarações antimaçónicas, com real mercado nas parangonas. Sobretudo se estiverem à esquerda. Daí voltarem à ribalta com um problema de falsa consciência, para uso de suas desventuras no PS e no PSD!
Para mim, bastava uma dinâmica fotografia dos grupos de interesse e dos grupos de pressão que dependam da subsidiocracia estatense e da habitual empregomania. Sobre as outras identificações místicas, julgo que o nosso jornalismo comentarista está especialmente desinformado, até tropeçar no primeiro dos sensacionalismos e entrar em vómito analítico sobre o que é óbvio. Obviamente, numa sociedade pluralista, há de tudo. E ainda bem!