Ontem foi dia de uma primeira pedra, que afinal era a segunda, bem como de algumas pedradas, glosando o relatório de inverno do Banco fundado pelos vintistas. Na primeira, ao recato da tendinha, longe da lama, o estadão em figura humana proclamou: “Há muitos momentos da vida das nações em que ninguém mais pode fazer nada a não ser o Estado, que tem o dever de responder à situação fazendo mais investimentos”.
Até também perorou, mas noutro recato, esse grande inaugurador das obras e parcerias públicas, chamado Alberto João, ao comentar a crise do PSD, onde invocou o regresso a uma AD que ele nunca aplicou, à semelhança da regionalização contra a qual votou. Nem faltou o rigor social-democrata de Luís Filipe de Gaia, todos temendo o que chamam liberalismo, em nome da social-democracia. Por outras palavras, toda a subsiodiologia pública estatal e infra-estatal deu as mãos a uma economia privada que teme a concorrência da economia de mercado.
Pedradas diversas foram as de Cavaco Silva e do seu rival no Congresso do PSD da Figueira da Foz, João Salgueiro. Também nos anunciaram um saber tratar da saúde do endividamento e um deles até referiu invocar os bons investimentos em pêra rocha e uva de mesa, dessa investigação agrária aplicada dos tempos da EFTA.
Mas ninguém parece querer retirar a primeira pedra com direito a placa inaugurativa. Todos preferem pôr-lhe a segunda, a funerária, em cima. Que a conta seguirá dentro de momentos, e ninguém pedirá desculpa por estas interrupções discursivas.
Porque Sócrates II mostra o feroz reformismo, agora anunciando a revogação das políticas públicas de saúde, educação e justiça de Sócrates I, pondo Maria de Lurdes Rodrigues na FLAD, Correia de Campos no Parlamento Europeu e Alberto Costa nas filas de trás do parlamento, enquanto sobem os Walter Lemos e os João Tiago Silveira. Porque, com as pedras em cima, alguns, pelo menos, ganharão ... com nacionalização dos prejuízos, para posterior privatização dos lucros.
Porque, segundo as cimeiras palavra do nosso primeiro, estamos a viver um momento de crise em que ninguém pode fazer mais nada. Nem os capitalistas, nem os partidos. Nem o povo nem as organizações não governamentais. Ninguém, a não ser o aparelho de Estado que se mede pelo Orçamento. E há, sobretudo, um perigo enorme, essa coisa informe produtora de altos riscos, como as crises financeiras e a concorrência, o chamado mercado. E as parcerias nunca gostaram de mercado, preferem o "gentleman's agreement" do estado a que chegámos, dos estados dentro Estado, com muitas pedras resguardadas, no quente das tendinhas inaugurativas.