Para grande parte dos cidadãos, a política é um clube de reservado direito de admissão onde estão eles. Eles, os da Europa, eles, os dos partidos, dos deputados, dos ministros, etc. Por outras palavras, é uma democracia sem povo que continua a correr o grave risco da revolta e do populismo. Todos falhámos.
Basta espreitarmos algumas visitas dos políticos, incluindo os ministeriais, ao chamado povo. Quando eles estão no poder, mesmo em risco, aparece sempre alguém a meter uma cunha, a entregar uma cartinha com o respectivo problema. E para situacionistas e oposicionistas, basta notarmos os acompanhantes com ar de emplastro que enfeitam o líder, sobretudo depois de receberem o prémio da recandidatura...
Se as televisões fossem aos arquivos e mostrassem a carinha desses emplastros, quando os líderes para que agora sorriem eram o exacto contrário, teríamos, como eu, imensas dúvidas quanto à escolha eleitoral, porque haverá sempre novos líderes, para os emplastros do costume, incluindo os que fazem programas eleitorais que ninguém cumpre.
Há bocado, depois de escrever um postal num blogue onde, tal como nas presidenciais, no auge da campanha, suspendi a colaboração, para não entrar em polémicas internas, logo um anónimo me insultou dizendo que eu recebo dinheirinho pelos comentários que faço na televisão, o que é falso. Cometi o crime de não alinhar com qualquer um dos lados da barricada e passei a ser odiado. É o preço de ser livre.