Vou ouvindo o debate da TSF sobre o CDS. Portas não foi nem mandou ninguém. One man, show, assim é. Confirma-se o quadro que os agentes comunicacionais e analíticos do situacionismo determinam: que o CDS de Portas passou o PSD de Passos à direita. Nada mais falso.
Claro que o CDS é "catch all". Tal como o PS e o PSD. O pilha-tudo de "clusters" do portismo apenas difere dos outros dois troikados porque tem menos votos. Diferença quantitativa e não qualitativa.
Comparar o CDS com os liberais-democratas britânicos é uma ofensa aos princípios de Portas e dos LDs. Primeiro, porque Portas é do PPE. Segundo, porque os LDs são a soma de liberais cláasicos antigos, anti-conservadores, com os dissidentes sociais-democratas dos trabalhistas. Terceiro, porque em termos de liberalismo de causas individiduais, uns e outros estão no exacto inverso.
Se medirmos a esquerda pelo eixo do intervencionismo de Estado, até Oliveira Salazar estava à esquerda do actual PS. Pelo eixo dos valores, basta recordar a carga da nossa marinha de guerra contra o barco do aborto quando Portas era ministro da defesa.
Julgo que em 1994, o CDS/PP de Monteriro, com Portas, teve 12, 45%...É elemento comparativo. E que o CDS de Adriano Moreira, o partido dos pobres era bem à esquerda, socialmente falando. E que o CDS liberal de Lucas Pires, apesar de liberal, foi o menos à direita de todos, pelo menos em proveniência de votos.
O CDS de um homem só é o do ministro que até a Cruz Vermelha intervencionou partidariamente, saneando Maria Barroso, Miguel Veiga e Vítor Ramalho, ou elevando a ministra Cardona à Caixa Geral de Depósitos, gerando clientelismo de Estado por fidelidade ao chefe.
Dizer que Portas faz voltar o partido ao ponto de Diogo Freitas do Amaral dá gargalhada. O melhor resultado que o partido obteve foi em 1976, com o general Carlos Galvão de Melo e os retornados...
Os resultados de 1994, de 12,45% saíram rapidamente das estatísticas. Milagre de Portas ou deliberada ocultação de comparativismos!