Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

08
Jul 11

Mais "news of the world". À moda da casa e sem muito molho. Assim, a modos dos pastéis de Belém, os doces.

 

Podem ter uma pitadinha de sal, tipo à gomes de sá, mas sem tripas.

 

Gente fina é outra coisa. Quantas vezes já me disseram do outro lado do micro-ondas...não posso dizer tudo, pá, isto está com ruídos esquisitos! Eu cá sou plebeu. Apesar de ser ouvido, julgo que nunca me escutaram.

 

Não há únicas soluções pensadas apenas por Portugal. Há soluções que nos ultrapassam e que apenas podemos influenciar. Não seria útil cortarmos as relações diplomáticas Washington, embora por vezes apetecesse. E também não vale a pena o fia-te na Virgem e não corras. Se o GPS da soberania está avariado, é navegar... Navegar é preciso. Até que a pororoca desague no Tejo

 

Entretanto, vou instalar-me no Bugio. Quando ela chegar, logo aviso. Quero aproveitar para uma boa "surfada" até ao Mar da Palha, o do Tratado de Lisboa, debaixo da pala...

 

As avaliações das ratadoras são injustas e imorais. Já o eram durante o governo de Sócrates. Esperemos que o actual situacionismo não estrague a necessária mobilização nacional. Os outros puseram-se em bicos de pé, esperemos que este não fiquem de pé atrás. Para momentos de excepção, suba-se a parada do consenso interno. Já!

 

Rebus sic stantibus. Até em passos seguros

 

A ruptura do consenso. Do que não é mole e difuso e nos faz banhar em maria sem dona.

 

Entre a velha minoria e a nova maioria, há alguns bojudos taxímetros que cobram das sociedades de economia mística. Aquelas onde a classe partidocrática dos lóbis que não uivam recebe títulos de pretensa nobreza intelectual. Por alguma razão o "sôtôr" é o sucedâneo das velhas aristocretinices. Basta ver com atenção o dedilhar autocontemplativo de certos currículos neoministeriais.

 

Será muito difícil que muitos deputados ponham a boca no trombone. Os hipermercados produtores de título intelectual sofrem imenso com a hipótese da bolha imobiliária. Até no sector público.

 

Imaginemos que alguém tinha passado a grande figura moral do regime, por tiradas de defesa do sector público contra a concorrência desleal do sector lucrativo. Imaginemos que cinco minutos depois da idade da gerontocracia, ele rasgava todos os seus discursos de décadas em nome de um cheque. Acabaram de me informar desse mais um desses freis tomásios da nossa praça.

 

Não sou colunista nem comentador pago de qualquer jornal. Mas acho graça a um patrão que reinventou a luta de classes de colunistas contra jornalistas, conforme a velha regra maquiavélica do divide para reinar.

 

Antigamente, quando alguns gritavam por liberdade, logo outros puxavam da pistola. Agora, para quem grita liberdade, mostram logo o livro de cheques, sob a forma de cartão de crédito.

 

Sou europeísta e até federalista. Porque a minha Europa tem de ser uma nação de nações, como diria Montesquieu. Ai de nós se somos ocupados pelos tecnocratas do jacobinismo centralista dos banqueiros. Dos que nunca morreram pela pátria e pela Europa.

 

A solução não está no "deixem-nos trabalhar". Temos todos que trabalhar, não como escravos, mas como homens livres. No quadro da autonomia nacional.

 

O murro que ontem levámos implica reconhecermos a velha lei de Saint-Exupéry: para sobrevivermos, temos de nos submeter; mas para vivermos, temos de continuar a lutar. Os problemas financeiros apenas têm solução financeira. Mas não apenas uma solução financeira.

Não é pelo facto de alguém mostrar o cartão de filiado nos vencedores que ele passa a ter hobbesiana razão ou faz olvidar o seu papel colaboracionista com o desastre. No meu dorso está bem marcadas as facadas recebidas de muitos deles, os que tentam fazer sucessivos "deletes" em recentíssimas operações de "charme" nomeativas...

 

A maioria dos activistas que nos levaram à beira do precipício continua a jogar ao ritmo deste carcomido portugalório da futebolítica e dos caciques sub-estatais que vivem em serôdias megalomanias, como se a crise só afectasse os outros. Os pirómanos ainda andam à solta, nomeadamente os laranjinhas colaboracionistas com o "ancien régime" do regabofe.

 

Francisco Assis diz daquelas coisas só evidentes para um filósofo: Adam Smith foi, acima de tudo, um "filósofo moral". Que bom seria certos camaradas deixarem os preconceitos e entenderem com humildade esse pequeno tópico, deixando-se de falsos monopolistas da qualificação dos preconceitos, a partir de uma estúpida superioridade moral de qualquer ideologia, a começar pelo socialismo.

 

Paulo Portas corre sério risco de ser chamado a encabeçar a futura agência de ratação europeia. A proposta terá partido de Vítor Constâncio, depois de um telefonema do deputado europeu Nuno de Melo...

 

Para já, vai ser criada a Fundação Planetária da Economia de Mercado com Responsabilidade Ética, considerado um nome mais português suave que essa brasileirice do "capitalismo humanista"

 

E ainda não comentei a homilia de D. José Policarpo de apoio ao imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal. Estou à espera da perspectiva de D. Januário Torgal Ferreira, tendo em vista uma mais alargada fundamentação teológica dessa via fiscal.

 

Entretanto vou relendo o tratado de Frei João Sobrinho, na versão de Moses Bensabat Amzalak, sobre a proibição dos juros nos empréstimos. A argumentação é inabalável: como o tempo pertence a Deus e os juros são a venda do tempo, eles devem ser rejeitados e adequadamente criminalizados, como o veio a fazer o nosso D. Sebastião. Abaixo a usura!

 

Apenas tenho as dúvidas lançadas pele magnífico tratado de Michael Novak, "The Spirit of Democratic Capitalism" (sigo a versão portuguesa de Paulo Portas, notável, mas pouco adequada ao antilberalismo de Leão XIII, levada a cabo sob os auspícios de uma associação católica de empresários, antes de ele se inscrever no partido democrata-cristão)

 

Não seria má ideia essa de repristinarmos o diploma de D. Sebastião sobre a usura. O espírito dele durou de tal maneira que o primeiro banco português foi o Banco do Brasil, por causa do José da Silva Lisboa, quando a capital nossa tinha passado para além-mar. O primeiro banco português em Portugal foi só depois da Revolução de 1820...Sobre as reformas administrativas de D. Sebastião basta ler a excelente tese de mestrado de Paulo Teixeira Pinto, antes de ele ser nomeado adjunto do ministro Marques Mendes, no cavaquismo primevo.

 

Não foi por acaso que a fidalguia quis aproveitar-se do trabalho dos judeus expulsos, mas mantendo o privilégio de não trabalhar. E também não foi por acaso que estadualizaram o Santo Ofício da Inquisição. Velhas tradições, estas de má memória e que passaram de certo arquivo da pretensa direita para o politicamente correcto do espírito de certa esquerda, revolucionária, nossa.

 

Não concordo, de maneira nenhuma, com a hipótese de Alberto João Jardim substituir Vítor Gaspar na pasta das finanças e da administração pública.

 

Ainda hoje estou à espera da promessa que me fez João Salgueiro, como sub-secretário do planeamento de Marcello Caetano, sobre a nossa chegada, no final do século XX, à média de desenvolvimento da Europa... Infelizmente, todos os dias, há chefes e sub-chefes que nos dão certezas sobre o futuro emprego e a respectiva cientificidade sentenciadora. Psicopatas são os que enfiam o barrete.

 

‎"Com as reformas que o PSD vai implementar, eu digo-lhe que ainda vão subir o rating, não sei se nos próximos 6 meses, se nos próximos 12 meses". Espero que tenha tido razão. Na prática, espera-se que a teoria volte a ser outra.

 

De repente, quase todos parecem visionar que democracia não parece rimar com geofinança. Se as agência de ratação não se importariam que a Europa do défice pudesse ser normalizada por ditaduras das finanças, espero apenas que a honra da Europa se indigne. Os sinais de hoje não são desesperantes.

publicado por José Adelino Maltez às 15:17

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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