Posso não ser desta nova direita situacionista, mas os preconceitos de esquerda que a consideravam como um burrinha ultra-liberal e economicista, foram amplamente desmentidos pelos factos nomeativos.
E aí está uma boa chicotada que a todos nos pode ajudar, para que se construa uma alternativa melhor, que a leal concorrência costuma ser boa conselheira. Porque este governo tem gente que pensa, desde o autor de "Diário de um Deus criacionista" ao melhor dos nossos gestores literários, não esquecendo experimentados eurocratas e académicos, incrustados numa hierarquia de tarimbeiros partidocráticos, com habituados comunicadores televisivos. A maioria do eleitorado que os sufragou merece que a experiência resulte.
É o que observo da outra margem das ideias. Na verdade, a partir deste governo, há finalmente espaço para a construção de uma teoria e de uma prática liberais que não têm de confundir-se com o anti-socialismo nem com os doutorados feitos nas mecas anglo-americanas e os activistas da gestão banco-burocrática e das forças vivas que a circundam...
Sem a inércia do cavaquismo e do barrosismo e sem a mania de que é o órgão que faz a função, a nova equipa tem de alterar o discurso do pensamento único que nos enclausurou nesta república de gurus do socialismo catedrático, a que aderiram os próprios intelectuais orgânicos salazarentos e outros cadáveres adiados que procriam discursos de fazer chorar as pedras da calçada.
É tempo de nos livrarmos de certos curtos-circuitos capitaleiros, desde o sindicato das Arcadas à aliança da dita esquerda moderna com a proclamada direita dos interesses.