Tédio, apenas tédio. A AR-TV faz desfilar deputados "yuppies"do rotativismo, todos repetindo um politiquês quase anível das notícias sobre a preparação das equipas de futebol para o próximo jogo. Quem tirar o som pode confirmar a linguagem gestual da decadência... basta fingir que é gralha o apagar dos espaços.
Tenho a impressão que a constituição, constitucionalmente falando, deve obediência ao direito e que o direito serve a justiça. Parecer não chega para juristício...que até esse era juridicamente regulado.
Juristício segundo o velho direito romano, era um período de tempo limitado em que, na república, se suspendia o direito, instaurando-se a chamada ditadura clássica. Não era como a ditadura derivada da falta de aplicação da Constituição de 1933, onde a suspensão provisória, prevista no parágrafo único sobre direitos, liberdades e garantias, se tornou definitiva...Em ditas moles é tudo mais hipócrita.
Por cá, neste reino cadaveroso, do pensar baixinho, como dizia Sérgio, continua o regime do chamado respeitinho por quem, todos os dias, falta ao respeito aos fins que o poder devia servir, sem que os detentores do dito, dele se servissem.
O patrão, ou dono, pode mandar na casa. Na política não há donos. Inventámos a política para sairmos da casa e deixarmos o "dominus" (chefe da "domus"). Em grego, dono era "despote" e casa, "oikos"...
Ai de quem não diz que sim senhor, ao senhor director, ao senhor ministro, ao senhor rector, a qualquer senhor que se subscreva presidir ao coiso! Mesmo que seja para dizer que eles, muitas vezes, põem as ordens contra os regulamentos ou as circulares contra as leis, legislando sem obediência ao direito.
Contra a desordem instalada impõe-se a procura da ordem que seja subversão pela justiça. Quem todos os dias reprime apenas o faz, coitadinho, porque tem medo da justa revolta do reprimido. Mudar é não rebaixar os fins do poder, é pensar mais alto.
Há muitas décadas, há muitos séculos, que os verdadeiros teóricos da política, os que pensam a prática, sofrendo o mal, inventariaram as categorias do despotismo democrático, do absolutismo democrático e, mais recentemente, da democracia totalitária. Nasceu sempre do mais baixo para o mais alto...quase sempre a partir do indiferentismo e da corrupção.