Registo de algumas análises, farpas e aforismos no Facebook de José Adelino Maltez

23
Dez 11

O almirante Cheng Ho, ou Zheng Ho, acaba a viagem iniciada em 1371. Finalmente, os chineses descobrem o caminho eléctrico para a barra do Tejo, assim completando ao contrário as viagens de Vasco da Gama e Fernão Mendes Pinto. Boa chegada, antes de nova afundação.

 

PCP vota contra manifestação parlamentar de pesar pela morte do anticomunista checo Vaclav Havel. Ainda bem que o recordam. Já não é proibido morrer pela pátria, como aconteceu a Jan Palach.

 

Aqui, nas profundas do Minho, nadamelhor do que começar o dia trincando uma maçã da porta da loja. A minha mãe guarda-me sempre meia dúzia que vai buscar à feira de Barcelos.

 

Essa do pai de Sarkozy, do avô de Erdogan, do neto do Kaiser, do trineto de Junot e do tetraneto da Europa, obrigam-nos a que a emenda não se torne pior que o soneto.

 


publicado por José Adelino Maltez às 20:25

22
Dez 11

"Tempos difíceis, mesmo muito, muito difíceis". Mas o Seguro ainda não morreu de velho.

 

Todas as mensagens da manhã me mandam: "vai trabalhar, malandro!". O problema da organização do trabalho nacional é que quem manda é mesmo uma malandragem. Quem tem paixão pelo trabalho não sabe o que são férias, feriados ou horas de sono. Basta que nos deixem ser felizes no trabalho, sem ordens, decretos, fichas e desordens com que enfeitam respectivos mandos. Basta mandá-los para o olho da rua.

 

A desordem bem organizada desta anarquia ordenada que se chama poder precisa de ser substituída pelo poder dos sem poder que nos liberte da falsidade. Ainda gostava de ver isto, um dia. Já chega de opressão com música celestial e literatura de justificação. Sem regeneração não sobreviveremos. Estou disponível para passar da resistência à construção

 

Antigamente, havia forças de bloqueio, agora há forças levianas. Destes bloqueios levianos, começo mesmo a ficar farto.

publicado por José Adelino Maltez às 20:26

21
Dez 11

Para quem anda à procura da ciência e julga que a respectiva ciência é mais científica que a dos outros ramos da ciência. Um bela provocação a todo o absolutismo. Especialmente para quem escreve exercícios de trabalhos, teses e dissertações e perde as estribeiras do humanismo.

 

Da minha janela de La Valetta, onde ostento a bandeira que a dona da casa, um dia, içou, e que o seu herdeiro ainda mantém. Era a maneira gozona de nos dizermos das partes dos Braganças, em terras de Oceania. As cores do Lichenstein são as do Políptico de São Vicente de Fora e até o Google street as capta.

 

O meu querido BB ainda não reparou que este país é mesmo para velhos? Isto é, para contínuas conspirações de avós e netos, com jotas manipulados por gerontes, para que, de vitória em vitória, sejamos todos cadáveres adiados que nem sequer procriam?

 

Tenho para aí um livrinho, editado pelo Fórum Estudante, em 2005, na qualidade de profissional da ciência política, onde recusava a categoria de politólogo, e onde dizia apenas: "o mercado de trabalho está fechado". Fui o único realista, denunciando o principal inimigo de quem trabalha na área: o sistema de ensino e de avaliação das universidades, que não incentiva o trabalho competitivo. As bruxas das ocultações criaram, entretanto, mais não seis quantas entidades orgânicas, em vez de as fundirem todas para um país com a nossa dimensão.

 

A magnífica proposta rangeliana quanto à agência para o pontapé no rabo deveria ser imediatamente privatizada pela canalha dita política que nos quer desterrar da pátria. Eu pensava que os papagaios, além de exógenos, eram uma espécie protegida, para se manterem na lei das respectivas selvas engaioladas.

 

Uma família da nossa aldeia dos macacos, ainda à espera de guia de marcha da Agência Portuguesa para a Emigração para a África Oriental. Ou o estado a que podemos chegar.

 

O problema europeu está cada vez mais dependente de um perturbador continental. Os sinais da Síria, do Egipto, da Turquia e de Israel têm que ser descodificados. Eis mais um. A primeira saudação à dita retirada norte-americana.

 

Um professor universitário é demitido em 16 de Agosto de 1962, porque, em 13 de Maio, pondo em prática o seu feito de homem livre, escreve uma carta ao director da escola em que "verberava a maneira como o Ministério tem conduzido a questão estudantil". O alto hierarca ministerial conclui pela "indisciplina, irreverente e grave conduta, que revela, de facto, impossibilidade de adaptação às exigências da função que exerce". Outro inadaptado o recorda hoje.

 

Depois de ouvir o presidente do grémio dos bancos, sobre a transferência dos fundos de pensões para o Estado, quase me comovi. Não tarda que surja um peditório público em favor dos nossos bancos. Coitados!

 

Cada vez mais se entende melhor a razão pela qual Cabo Verde já ultrapassou Portugal no "ranking" da qualidade da democracia, de acordo com "The Economist". Pelas ilhas, parece que não há gestões do silêncio, em nome do respeitinho.

 

A troika vai também controlar a Coreia do Norte. Não consta que fechem os casinos de Stanley Ho.

 

Zita Seabra na SICN denuncia o relativismo. As vítimas do comunismo deveriam ser tratadas com o respeito com que se tratam as vítimas do nazismo e do fascismo. Por causa desse relativismo é que costumamos branquear alguns dos vitimadores. É o chamado complexo do déspota. Quando ele se diz iluminado. A começar pelo que interrompe a avenida da Liberdade. Sou mais de reter as memórias de Alcipe, Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre, a Marquesa de Alorna.

 

"A tendência para o monossílabo como forma de comunicação...de degrau em degrau, vamos descendo até ao grunhido" (José Saramago)

 

Essa do Adamastor, tanto tinha Bartolomeu Dias no mar, como El-Rei D. João II a inspirar a república. E o comandante da frota acabou por morrer, tentando. Os navios agora, mal passam o Bugio, metem logo água. Não se experimentaram em Toro.

 

publicado por José Adelino Maltez às 20:27

20
Dez 11

Aqui acaba toda a terra antiga,/começa aqui a tentação do mar./ Europa - ainda era rapariga -,/ Sentou-se aqui um dia a descansar./ Vinha de longe, andando com fadiga,/ vinha de longe, andando sem parar.../ Em frente ao mar, que o rosto lhe fustiga,/ logo pensou Europa em se casar./ / Pediu-a p'ra mulher o Padre-Oceano./ Entre sereias, conchas e golfinhos,/ as ondas lhe bordaram o enxoval.// E quando o noivo a recebeu, ufano,/ nestes penhascos rústicos, sòzinhos,/ deram os dois o ser a Portugal

 

Cavaco Silva repete as teses de Strauss-Kahn, tal como as de Kohl, Schmidt, quanto à Europa, bem como na necessidade de diálogo do PS e do PSD e na procura da coesão social. As ideias são nacionalmente consensuais e, da parte da opinião pública, apenas temos que dar mais uns empurrões.

 

Aqui, os submarinos acedem mais rapidamente às profundezas oceânicas, mesmo que desenrolem o periscópio.

 

“Sozinha, nos penhascos do Ocidente,
ouvindo ao mar o ímpeto brutal,
pariste longa e dolorosamente
um moço a quem chamaste Portugal!"

 

A coerência do PCP na solidariedade do internacionalismo estalinista não é um defeito, é uma virtude, a da continuidade, com pouca evolução.

 

Como dizia Raymond Aron, o principal problema da democracia é que praticamente todos os regimes do mundo se dizem hoje democráticos.

 

Ai do nosso tempo, se tivesse de acabar com todos os mistérios! Não existe apenas aquilo que se explica.

publicado por José Adelino Maltez às 20:30

19
Dez 11

Aí dos estadões que assentam em constipações maltratadas. E das antimonarquias que fazem com que o neto suceda ao avô, na montra. Porque o mecanismo totalitário é o de um complexo militar-industrial, alimentado a fome e a escravatura, para gáudio da montra de chefia. Morreu um pedaço do mecanismo de guerra que ainda envergonha a humanidade. Aí dos que ainda têm a complacência cobarde da invocada ideologia.

 

Um outro olhar da Porta da Loja. Também o meu agradecimento. Até ao sismógrafo dos comentários ao postal.

 

Passos disse em voz alta o que todos os anteriores Pedros consideraram um alívio. Como no século XIX, os governantes do tempo da fome de terra. Como Salazar com a valse de carton. Até poderia dourar a pílula, falando no novo império sombra como clímax da integração europeia, para recuperarmos a grandeza perdida pela demografia, a dívida e as medidas da troika, isto é, do PS, do PSD e do CDS. Por outras palavras, é urgente fundarmos o Partido da Partida. Para procurarmos Portugal fora de Portugal. Aqui, voltámos a ser Ilusitânia ...

 

Às vezes, ofendemos pessoas queridas porque não respondemos a todas as mensagens que recebemos nas caixas. Como estou a tentar esvaziar as da categoria de não-lidas ainda me faltam algumas. Peço perdão a quem possa ter ofendido pela a falta de acção adequada. Apenas deficiência minha, mas tentarei cumprir o meu dever.

 

Dominique não deve ter lido Saramago.

publicado por José Adelino Maltez às 20:33

06
Dez 11
Há sempre césares quando emerge a chamada "intelligentzia", isto é, uma "nomenclatura" constituída por esse "tertium genus" a que Gilberto Freyre chamava "intelectuário", quando um pretenso intelectual não repara que é um simples serventuário.
publicado por José Adelino Maltez às 13:50

Acordai, dormentes e enjoados! O novo mundo está aí por descobrir e vocelências ainda glosais os lençóis dos velhos do restolho? Olhem que os homens do verso já cantam outros fados. Os das saudades de futuro.
publicado por José Adelino Maltez às 13:50

Ninguém muda com os que querem só voltar atrás, para que os mesmo continuem a ordenar. Só com libertação deixará de haver esta liberdade vigiada por um clube com rigoroso direito de admissão e cantilenas desafinadas, com letras do sindicato das citações mútuas e do "yes, minister".
publicado por José Adelino Maltez às 13:50

Recebi um "mail" onde me comunicam que eles elegeram um dos que escolheu quem agora o elegeu. Na Primeira República, na nova república velha, eram menos hipócritas: o ministro até nomeou para a de Coimbra um correlegionário, capitão de qualquer arma. Não é por qualquer destas vias que a coisa volta a ter alma. Mas, por favor, não lhe chamem gestão democrática. É mais continuação das forças vivas, como ministros de espada à cinta e ilharga larga.
publicado por José Adelino Maltez às 13:49

Uma só parangona de hoje, desfaz todo o beatífico esforço de conjugação do bloco central, no propagandismo que me chegou ao começo da madrugada, naquela RGA de elites: "Administradores hospitalares ligados ao PS substituídos por gestores do PSD e CDS". O mais do mesmo, como se esperava.
publicado por José Adelino Maltez às 13:49

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Biografia
Bem mais de meio século de vida; quarenta e dois anos de universidade pública portuguesa; outros tantos de escrita pública no combate de ideias; professor há mais de trinta e cinco e tal; expulso da universidade como estudante; processado como catedrático pelo exercício da palavra em jornais e blogues. Ainda espera que neste reino por cumprir se restaure a república
Invocação
Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
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