Alguma estupidez jacobina e revolucionária não entende que o mais público que há em Portugal vem do horizontalismo dos vizinhos, de baixo para cima. Os de cima confundem a legitimidade do título com a legitimidade do exercício e pensam que o público pode expropriar o essencial da herança do que é comum...
Sobretudo aqueles que pensam que a legitimidade partidocrática é superior aos povos...
A herança efectivamente comunitária deveria primar sobre o burocrático. Pelo menos, deveria ser sagrado o direito a ser ouvida. Se matarem o comum, asfixiam a política em nome do Estado. Odeio este Leviathan tecno-burrocrático! Faz lembrar a estadualização dos baldios e terras do povo...
Quando uma escolinha é do povo, o ministério deve pedir autorização ao povo e não se esquecer que o mal do estadão também pode estar sentado na sede municipal...
O pensamento unidimensionalizador é mal da esquerda e da direita...
Todos os revolucionários e contra-revolucionários costumam esmagar as suas Vendeias e as suas revoltas dos Canudos...
Tenho uns avoengos que andaram no miguelismo, na patuleia, na revolta do Grelo e a defender o direito das águas contra as espingardas da GNR do salazarismo...aprendi nos genes em quatro gerações...
Sei o que é um concelho pluri-secular extinto pelo Estado em 1836 e temo que agora façam essa contabilidade com freguesias. Ainda tenho para aí a bandeira das velhas franquias anteriores ao Estado, incluindo das comunas sem carta, como Sardinha chamava às freguesias...É a nossa pátria! Mesmo que os banco-burocratas nunca o compreendam!
Também podem reler Alberto Sampaio: "As Vilas do Norte de Portugal" e "As Póvoas Marítimas do Norte de Portugal", uns anitos antes da República e de Sardinha!
Sou mesmo um comuna "avant la lêtre"...sobretudo contra o Estado Terrorista, assente no falso terrorismo do que decretam como razão...(estou a citar Albert Camus, descansem).
Em Portugal, Proudhon chama-se Herculano e Henriques Nogueira e traduz-se no programa de descentralização: é preciso que o país seja administrado pelo país...
Há determinadas luminárias que, olhando um qualquer relatório abstracto, concluiriam ser melhor encerrar a ilha do Corvo, pondo todos os seus habitantes num hotel de quatro estrelas. São os mesmos que concluiriam, naturalmente, pela inviabilidade e insustentabilidade da república dos portugueses. Esquecem-se apenas que quem resistiu aos piratas turcos foram os corvinos e não os ministeriais.
Há determinados ministeriais que, se fossem ao Corvo, se espantariam com o monumento que está na praça do respectivo campo de aviação. Por acaso, aos soldados mortos em nome de Portugal.
Essa emoção patriótica da minha ida ao Corvo só foi suplantada quando senti as orações em português na sinagoga de Amsterdão.
Terá sida a única, ou das poucas, que não foi destruída em território ocupado pelo Adolfo. Este terá cedido a pressão diplomática cá dos "hereges"...
Quem julgar que o modelo de desenvolvimento que nos levou ao desastre nasceu de um acaso e não de um erro deliberado de teoria e de estratégia, continuem a seguir as bruxas que não se arrependem nunca.
á certas luminárias capitaleiras como aquele professor nórdico bem antifascista com quem um dia me cruzei num colóquio na Horta. Estava a manifestar o seu repúdio pela circunstância de ainda haver salazarismo na autonomia dos Açores, porque tinha funcionado o parlamento regional numa coisa chamada "Amor de Pátria"...Eu bem lhe tentei explicar o que tinha sido essa do desembarque do Mindelo, mas no manual de preconceitos dele não vinha tal flexibilidade de software...
Enquanto os ministeriais não tiverem humildade de assumir que uma pátria é coisa de alma que vem das muitas pequenas pátrias, as tais pela história e pelo sonho são Portugal, mal vai a república!