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A viagem pelas honorárias começa a mostrar minhocas do PSD, mas acrescentadas com as do PS. E se passarem do BPN ao BPP, lá se vão todos os consensos do bloco central político, bem assentes nos pés de barro do bloco central de interesses.
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Corrupção é simplesmente um processo de compra do poder. Do poder em sentido amplo. De compra e venda também em sentido amplo. Não apenas com dinheiro. Mas sempre a um detentor de poder. Não se confunde com o que está plasmado nas leis penais. É como o "dopping", está sempre adiantado mentalmente aos criadores de vírgulas...
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"Je disais hier à Ch. Dupin: – M. Guizot est personnellement incorruptible et il gouverne par la corruption. Il me fait l’effet d’une femme honnête qui tiendrait un bordel." (Victor Hugo sobre o inspirador do nosso Costa Cabral).
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Entre o fundamentalismo de esquerda e o de direita, venha o diabo e escolha. Basta não seguir o catecismo para que o pingalim nos mande destrocar os passos do pretenso senhor que gosta de dar tiros no pé. Qualquer dia, quem disser que há corrupção ainda pode ser acusado de corrupto, para que manifestos corruptos continuem a ser eleitos e reeleitos.
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Presidente candidato caiu na esparrela do BPN. Estamos a discutir a árvore e não a floresta. Aquilo dava uma excelente série de costumes sobre o capitalismo do cavaquistão. A última cena poderia ser o anúncio de Alegre em defesa do BPP, com um livro de um qualquer patrão a ser apresentado por um qualquer destes ministros socialistas. Nem é preciso fazer ficção, bastam imagens de arquivo...
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Uma democracia não são votos. A ditadura que acabou em 1974 começou com votos em 1928, quando Carmona foi plebiscitado com muito mais sufrágios do que aqueles que receberam todos os partidos juntos nas eleições parlamentares de 1925. Em democracia pluralista, depois do voto em urna, há o voto permanente da cidadania e da participação.
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A nossa democracia está a perder o viço pelo indiferentismo e pela corrupção. Tem que ser reinventada e refundada. Basta contabilizar, somando os que estão a favor e os que estão contra. Todos juntos são bem menos do que os indiferentes. E todos sabem que quem manda efectivamente não são os candidatos nem os eleitos, mas os autores dos guiões que se escondem do palco.
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Chegámos a novo tempo de Interregno. E, como diria o Mestre, "é a hora". Que, "quanto mais ao povo a alma falta, mais minha alma atlântica se exalta".
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As brigadas do reumático de campanha cabem todas na mesma sala de espectáculo. Podia ser um concerto conjunto de mandatários de banda larga, para animar a malta, em procissão, mesmo sem "Te Deum" de música celestial
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Em 24 de Abril de 1998, na primeira tentativa de introdução em Portugal da "Transparency International" abordei directamente e nestes precisos termos a matéria da corrupção. O meu conceito é o do politólogo russo Serguei Kurguinian. Aqui deixo o rasto do texto:
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"Entre os processos normais de influência junto dos detentores do poder, levados a cabo pelos grupos de interesse e pelos grupos de pressão, há uma especial forma de pressão chamada corrupção, onde se influencia decisivamente o detentor de poder, utilizando formas de compra, directas ou indirectas, de maneira que o político desaparece..."
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"...ressurgindo o atavismo do doméstico, quando o Estado passa a ser gerido como se fosse uma casa, quando o príncipe volta a ser um dono ou um pai, esquecendo-se que deve obediência a formas de justiça distributiva e social e que, nos negócios públicos, não pode introduzir a privatização da justiça comutativa"
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Há valores. Há uma ampla maioria de pessoas que opta pelo ser em vez do ter, mas as minorias activas manipulam. Como se o PGR tivesse que estudar grupos de pressão e grupos de interesse...
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É matéria para a ciência com coragem e disposta a pagar o preço dos homens livres, "livres da finança e dos partidos", como era lema de uma revista de 1925, federando seareiros e integralistas...Não chegou a tempo de evitar o bloqueio da ditadura...
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Infelizmente, até houve seareiros e integralistas que entraram no desespero de apoio à ditadura semeada pelas forças armadas que, tambem felizmente, nos devolveram a liberdade quando regressaram aos quartéis, depois do 25 de Novembro de 1975.
(in STQP)